Influência da voz indígena na música brasileira

  • Magda Dourado Pucci Universidade de Leiden (Holanda)

Resumo

Esse artigo visa apontar algumas possibilidades sobre a presença da voz indígena na música popular brasileira, baseadas em diversos exemplos sonoros com destaque para os registros da Missão de Pesquisas Folclóricas organizada por Mário de Andrade. O que mais chama atenção é a qualidade nasal – advinda da língua Nheengatu amplamente usada no Brasil até o século XVIII, tendo influenciado a sonoridade do cateretê, da catira, do cururu (antigos), das modas de viola e outros gêneros da cultura popular. A voz gutural presente nos torés do Nordeste e a voz miúda e escorregadia das cantigas de ninar indígenas (mukuru), ainda ecoam nos cantares maternos atuais, mesmo mesclados à influência ibérica. Destaca-se também o uso do falsete presente na música caipira, e de recursos como suspiros, interjeições, onomatopeias, glissandos – herança advinda da arte oral xamânica indígena que repercutiu na contação de ‘causos’.

Biografia do Autor

Magda Dourado Pucci, Universidade de Leiden (Holanda)
Formada em Regência pela ECA-USP, é mestre em Antropologia pela PUC-SP e doutoranda em Performance and Creative Arts na Leiden University (Holanda). Desenvolve pesquisa sobre projetos interculturais com indígenas, entre eles oficinas e publicação de livros para crianças e educadores. É cantora, arranjadora, compositora, diretora musical e fundadora do Mawaca grupo que coloca no palco as diversas pesquisas de músicas do mundo no palco.
Publicado
2017-12-21
Edição
Seção
Dossiê