Organização prosódica e efeitos de sentido em quatro diferentes interpretações de “Na Batucada da Vida”

  • Renata Pelloso Gelamo Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Resumo

Proponho, neste estudo, um olhar sobre o fenômeno da voz, no qual aspectos linguísticos da interpretação vocal de uma canção possam ser levados em conta. Com base na teoria da Fonologia Prosódica, proponho compreender como um grupo de juízes percebe auditivamente, a maneira como Carmen Miranda, Dircinha Batista, Elis Regina e Ná Ozzetti organizam prosodicamente o texto da canção “Na batucada da vida”. Analiso mais especificamente a percepção de como as intérpretes organizam e delimitam a frase entonacional (I), constituinte da hierarquia prosódica cujos limites podem ser marcados por pausas. Como I é um constituinte que leva em conta para sua definição elementos semânticos, a criação de diferentes efeitos de sentido em cada interpretação pode ser definida a partir dos diferentes modos de organizar I. Ao compactuar com a visão de que voz e linguagem não se separam, demonstro, com base nos diferentes modos de organizar a frase entonacional, as possíveis atribuições de sentido para as interpretações. Aos diferentes modos de organização, atribuem-se marcas de subjetividade das intérpretes. Por outro lado, as semelhanças podem decorrer da influência das intérpretes mais antigas sobre as mais recentes, assim como da influência de informações de natureza musical. 

Biografia do Autor

Renata Pelloso Gelamo, Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Possui graduação em Fonoaudiologia (2001) e mestrado em Estudos Linguísticos (2006) pela Unesp, onde desenvolveu pesquisa sobre a interpretação de canções populares brasileiras (organização prosódica e criação de efeitos de sentidos). Doutoranda em Artes (Arte e Educação) pelo Instituto de Artes da Unesp (desde 2014), com pesquisa sobre diferentes experiências com o canto coletivo. Coordenadora do projeto Ateliê de Voz.
Publicado
2017-12-21
Edição
Seção
Dossiê