Israel Galván: Flamenco e Contemporaneidade

  • Silvia de Rezende Canarim UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Resumo

O presente estudo busca compreender a poética do bailaor e coreógrafo espanhol Israel Galván (Sevilla, 1973) e sua importância nas transformações pelas quais a dança flamenca tem passado nas últimas décadas. A etnografia foi o método de pesquisa utilizado, tendo como instrumentos de coleta de dados a observação participante, entrevistas, análise de material audiovisual e fotográfico. A partir do exame desse material, e com ênfase na análise do vídeo de estreia do espetáculo ¡Mira! Los zapatos rojos, de 1998, identificam-se características presentes na citada obra, as quais foram desenvolvidas pelo artista ao longo de sua carreira.  Entre as singularidades que emergiram dessa investigação podemos elencar: a presença da subjetividade; o corpo como centro da pesquisa; a ruptura da estrutura coreográfica do flamenco e a introdução de conceitos da dança e da arte contemporâneas. Galván desenvolveu uma linguagem única e, com suas inovações, enriqueceu o repertório do flamenco com novos movimentos e conceitos. É considerado um dos maiores revolucionários do gênero.

Biografia do Autor

Silvia de Rezende Canarim, UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Bailarina, coreógrafa, pesquisadora e professora de dança flamenca.

Sílvia é mestre em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, possui graduação em Comunicação Social/Jornalismo, pós-graduação em Dança pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Diploma de “Estudios Avanzados en Flamenco” pelo Programa de Doutorado em Flamenco da Universidade de Sevilha.

Iniciou sua carreira como bailarina profissional em 1993, tendo realizado cursos de formação e aperfeiçoamento em dança flamenca em renomados centros da Espanha como Centro Internacional Amor de Dios de Madrid e Estudio de Baile Flamenco Abierto Andrés Marín de Sevilla. Entre seus maestros destacam-se La Truco (Madrid), Vicky Barea (Sevilla), Yara Castro (São Paulo), Miguel Alonso (São Paulo/Cuba), Cíntia Ruela (Curitiba), Olga Marcioni “La China” (Madrid/Argentina), La Tacha (Madrid), Alfonso Losa López (Madrid), Amália Moreira ‘La Morita’ (Curitiba/Argentina) e Robson Gambarra (Porto Alegre/Rio de Janeiro).

Dirigiu, atuou e coreografou diversos espetáculos, entre eles: Flamenco de Hoy y de Ayer (1999), Lorquianas (2001), Mosaico - As Múltiplas Faces do Flamenco (2002), Flamenco Fusión (2003), Encuentros Andaluces (2003), Luces y Sombras de España (2007), Solos y bien acompañaos (2008), Como montar um baile (2012/2013) e Usina Tablao (2016).  Em 2007, realizou o espetáculo A Casa no Centro Cultural IAB - Instituto de Arquitetos do Brasil, baseado no texto original de Federico García Lorca, A Casa de Bernarda Alba. A obra, financiada pelo Fumproarte da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, obteve oito indicações e recebeu quatro Prêmios Açorianos entre os quais, o de Melhor Espetáculo de Dança e o de Melhor Trilha Sonora. O espetáculo contou ainda com a direção cênica de Decio Antunes e com a direção musical de Felipe Azevedo.

Como jornalista, colaborou como correspondente internacional da revista argentina A Contratiempo (especializada em dança espanhola e flamenco), como colaboradora do site brasileiro Argumento (especializado em cultura e comportamento) e como crítica de dança flamenca do site espanhol Jerez Jondo (especializado em flamenco). Foi editora do site Flamenco y Contemporaneidad, dedicado ao flamenco e suas diversas manifestações no cenário contemporâneo.

Atua como bailarina e coreógrafa independente e dirige o Grupo Flamenco Silvia Canarim. Como professora de dança ministra aulas regulares em Porto Alegre, além de palestras e workshops em diversas cidades brasileiras.

Contatos: (51) 98146-4045 / s.canarim@hotmail.com

Referências

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Publicado
2018-03-19