Orixá Obá em Performance – Influxos Artaudianos via Mitodologia em Arte

  • Adriana Rolin Lopes Oliveira Ribeiro UERJ/CAPES

Resumo

O ritual do mistério é entendido e ouvido por Obá. Essa orixá feminina iorubana, considerada rainha das águas revoltas e arquétipo do feminino ferido. Fundadora da sociedade de Elekô que cultua a ancestralidade feminina, onde o rito só participam mulheres. Ela pune os homens que maltratam as mulheres, pois é a deusa protetora do poder feminino. No Teatro da Crueldade (ARTAUD: 2006), o corpo está em plena potência de afecções, destrói as coerções e as castrações, produz novas possibilidades simbólicas, desnuda-se e reage diante da força de sua fragilidade, pois perturba o repouso dos sentidos. Esse corpo segue o fluxo de sua natureza do inconsciente, cria gestos gratuitos e personifica o arquétipo através da cena enquanto cerimônia. Esse corpo dança com seus próprios mitos espirituais, perigosos, impossíveis e inapreensíveis. Nesta mesma trança, encontram-se a Antropologia do Imaginário (DURAND: 2005) e a Antropologia da Performance (TURNER: 2013) que estudam o sentido de mundo através da imaginação e os símbolos poderosos que surgem numa performance, permitindo que o artista performático se movimente diante de seu fragmento de vida, trançando com o devir-artista-persona e se torna o não-não-eu, diante da decifração de si, podendo inclusive, ser um Mito Pessoal (KRIPPNER: 2008). Este trabalho objetiva aprofundar a partir da análise de um caminho criativo, as interfaces entre antropologia e arte, sendo que a antropologia bebendo na fonte da arte para encontrar a subjetividade e a arte bebendo na fonte da antropologia para sair de si. Sobretudo, através dos influxos artaudianos na travessia performática via Mitodologia em Arte, termo esse criado pela phD Luciana Lyra que aborda, antes de tudo, sobre o poder do mito, enquanto potencialidade espiritual da vida humana, aquilo que somos capazes de conhecer e experimentar interiormente, captando mensagens dos símbolos (CAMPBELL: 1988).

Biografia do Autor

Adriana Rolin Lopes Oliveira Ribeiro, UERJ/CAPES

Adriana Rolin, se tornou atriz para viver outras vidas, totaliza 18 anos de experiência ativa. Graduou-se em Comunicação Social, é pós-graduada em Arteterapia e Processos de Criação e mestranda em Artes. É escritora do livro de poesias Cria Jubal e entrou para o ramo de Arteterapia em novembro de 2012 através da Rede Caps na área de dependência química onde contabiliza 6 anos de experiência. No ano de 2016 desenvolveu uma pesquisa intitulada de Lapso Falho, Processos de Criação e a Experiência do Sagrado no Teatro da Crueldade na área da Saúde Mental através das seguintes instituições: Museu de Imagens do Inconsciente e Casa das Palmeiras. Atualmente é pesquisadora do Ateliê de Pesquisa do Ator regido pelo Sesc Paraty; pesquisadora do Grupo de Pesquisa Mito, Rito e Cartografias Femininas regido pela UERJ e pesquisadora do Núcleo de Estudos Geracionais sobre Raça, Arte, História e Religião regido pela UFRJ. Também é uma das coordenadoras do grupo de pesquisa Geopoética do Orun ao Ayiê – Estudos Míticos, Arquetípicos e Elementais regido pela Unirio. É atriz da performance Ei,Mulher com a Coletiva Agbara Obinrin e é jornalista colaboradora do Não Me Chamo Mãe. Como mestranda do Instituto de Artes da UERJ, tornou-se bolsista CAPES e desenvolve sua dissertação sobre Orixá Obá em Performance – Influxos Artaudianos via Mitodologia em Arte na linha de pesquisa Arte, Cognição e Cultura sob orientação da Prof. Dra. Luciana Lyra.

Referências

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Publicado
2018-03-19