Um “entre-lugar” na dança – o popular para além do nacionalismo

  • Ana Valéria Ramos Vicente Universidade Federal da Paraíba

Resumo

Este artigo reflete sobre discussões políticas que envolvem a produção artística que dialoga com elementos das artes populares. Como as danças populares e o povo foram usados como substrato para a simbologia da nação moderna, todas as práticas ligadas a essas vertentes culturais são contaminadas pelos afetos e desconfortos relacionados à estrutura do Estado moderno. Seguindo os termos da Diferença Cultural — propostos por Homi K. Bhabha (1998), para compreensão das contradições inerentes à nação moderna — proponho que a presença da temática e das dança populares em espetáculos podem apresentar aspectos performativos e pedagógicos. Ou seja, elas materializam as concepções de nacionalidade, que dão continuidade ao status quo, ao mesmo tempo em que inscrevem, de forma performativa, narrativas que desconstroem “o poder oficial” e a legitimidade das narrativas lineares da nação.

Referências

ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas: reflexões sobre a origem. Lisboa: Edições 70, 2005.

BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte. UFGM, 2003.

HOBSBAWN, Eric, RANGER, Terence. A Invenção das tradições. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

KATZ, Helena. Vistos de entrada e controle de passaportes da dança brasileira. In: CAVALCANTI, Lauro (Org.). Tudo é Brasil. [ S.l.: s.n], 2005. p.121-131.

PEREIRA, Roberto. A formação do balé brasileiro: nacionalismo e estilização. Rio de Janeiro: ed. FGV, 2003.

Publicado
2018-05-17
Seção
Dança, Corpo e Cultura