A invenção de um teatro proletário sem rancor: textos e formas de leitura no “Estado Novo”

  • Kátia Rodrigues Paranhos Universidade Federal de Uberlândia

Resumo

Esta comunicação examina a comédia Julho, 10! produzida por operárias em plena ditadura do governo Vargas. O texto dialoga o tempo todo, com os princípios erigidos pelo “Estado Novo”, num tipo de “engajamento às avessas”, ou seja, alinhado com a lógica do capital. Mesmo estando em sintonia com todo o repertório governamental que propagava a harmonia entre as classes, levanta uma questão importante: apesar da condenação e da tentativa de ocultação das lutas dos trabalhadores, essa operação não deixa de conter a revelação da lembrança dessas mesmas lutas, ou melhor dizendo, representações do mundo do trabalho e do movimento operário.

Referências

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MÉLO FILHO, Lílian Renata. O Centro Educativo Operário em Recife durante o Estado Novo (1937/1945): educação e religião no controle dos trabalhadores. Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro de Educação/UFPE, Recife, 2006.

PARANHOS, Adalberto. O roubo da fala: origens da ideologia do trabalhismo no Brasil. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2007.

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____________________. O patriarca e o tribuno: caminhos, encruzilhadas, viagens e pontes de dois líderes socialistas – Francisco Xavier da Costa (187?-1934) e Carlos Cavaco (1878-1961). Tese (Doutorado em História) – IFCH/Unicamp, Campinas, 2002.

Publicado
2018-05-17
Seção
História das Artes e do Espetáculo