IMPROVISAÇÃO E AROMAS COMO CRIAÇÃO

  • Tânia Villarroel Andrade

Resumo

O trabalho é disparado por óleos essenciais para criar improvisações. A conexão neural que ocorre no sistema límbico amplifica a fricção entre narrativas e imagens na elaboração e apreciação de uma cena. A improvisação como um modo de ampliar campos energéticos emocionais: a escala dramática é percebida e compartilhada, tanto pelo público como pela performer, pelos impactos sensíveis e intuitivos do criar, a convite de improvisos e/ou percepções conjuntas. O que criamos pela improvisação é intensificação de sensações mútuas: afeta o outro e nos afeta no momento da cena. A relação com os diversos elementos presentes na cena e a escolha temporária que fazemos em ato de criação é uma extensão de como nosso corpo atua e dialoga com o espectador dando sentido criativo a uma experiência sensível. Repertório estético conjunto e variantes presentes na criação vão compor o universo da cena como um ritual efêmero, por isso intenso. Os aromas podem potencializar escolhas poéticas nos processos criativos, pois auxiliam os percursos neurais responsáveis pelos sentidos em tempo presente, dilatando a intuição como um caminho possível e definindo um estilo próprio de criação - que intensifica a busca da autenticidade a cada improvisação. O imprevisto como elemento essencial de uma criação artística que se conecta ao sistema límbico de forma mais consciente e intuitiva a cada escolha estética. Entrar em contato com a intuição é ensaio no próprio cotidiano da cena tanto quanto modo de aprofundamento da emoção. Convite à criação através de aromas disparando improvisações como algo consciente, intuitivo, único e intransferível. O inacabamento da obra é a verticalização da proposta criativa de efemeridade.

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Publicado
2018-06-14
Seção
Processos de Criação e Expressão Cênicas