A POÉTICA VISUAL DE PHILIPPE GENTY

Resumo

Philippe Genty iniciou a sua carreira como marionetista, nos anos 60, na França. Com o passar do tempo, sob influência da psicanálise e do contato com outras práticas teatrais e artísticas, o seu trabalho evoluiu para um teatro pautado na imagem e na materialidade: com formação em design gráfico e estabelecendo um constante diálogo com outras linguagens, Genty concebe espetáculos em que a presença humana, a luz, a música, a dança, o espaço, a matéria (papeis, tecidos, plásticos, etc.), assim como objetos, manequins e marionetes, se somam para criar poesias cênicas autorais e autobiográficas. A presente pesquisa de doutoramento analisa a poética visual de Philippe Genty, mergulhando nas entrelinhas de um processo poético-pessoal e analisado suas tessituras dramatúrgicas, por meio de um conjunto de obras que datam mais de 50 anos de atividade artística. Os materiais utilizados para a pesquisa, além de textos teóricos, compõem-se de vídeos de espetáculos, documentários, projetos de espetáculos escritos por Genty, textos autobiográficos, críticas de espetáculos, fotografias e entrevistas realizadas em pesquisa de campo no ano de 2016, na França. Um dos pontos discutidos na tese é o elemento humano como materialidade da cena - entendido a partir de uma concepção antes plástica do que dramática – e como esse elemento pode perturbar o espaço da representação, uma vez que, nos espetáculos analisados, ocorre um deslocamento de função e significado da presença humana: Genty dilui o caráter de individualidade, multiplicando-o em duplos que ora são manequins, ora são personagens híbridos – humanos travestidos de manequins, ora são indivíduos duplicados – atuantes travestidos como duplos, colocando o humano em relação de igualdade com os outros elementos da representação.