SUBJETIVIDADE DILUÍDA: A FORÇA DO TEMPO EM MARGUERITE DURAS

  • Graziela Daniel Laureano Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Resumo

A proposta visa analisar a questão da temporalidade em obras escolhidas de Marguerite Duras (1914-1996). A escolha tem por critério a questão da memória em cena tendo o conceito da temporalidade como o eixo analítico. Podemos ver a expressão da questão da memória e da temporalidade nas seguintes obras durasianas: “Agatha” (1981), “Savannah Bay” (1982), “La maladie de lamort” (1982), “La Musica deuxième” (1985). Tais obras encontram-se na confluência transgressiva dos gêneros peculiar à escrita durasiana, mas denotam grande vocação teatral. Ao colocar em cena a memória em estado de infância Duras pulveriza ou dilui personagens em espaços tornando indiscernível a fronteira subjetiva e objetiva, o que pode ser observado na expressão “Savannah Bay c’est toi”. O tempo, nestas obras é visto nas rubricas como uma solicitação específica, ostensiva (existem outras), como “pausa”, “silêncio”. É possível dizer que o “tempo” participa da “pausa” e do “silêncio”, ou que “silêncio” e “pausa”, participam da solicitação durasiana “tempo”? Em que sentido são distintas e solicitadas separadamente pela autora? Imaginemos uma resposta do ponto de vista prático do ator. Aqui podemos imaginá-lo, o ator, seguindo a rubrica “pausa” como um não movimento, ou a rubrica “silêncio”, como a ausência de som, mas a rubrica “tempo” deixa à criação todo um oceano de possibilidades. Assim, apresento meu estudo como análise da temporalidade como expressão da memória e como um desafio à representação teatral na obra durasiana.

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Publicado
2018-06-14
Seção
Territórios e Fronteiras da Cena