O processo do ator como experiência do arquétipo-herói: convergências entre o processo de individuação em Jung e a arte como veículo de Grotowski

  • Franciele Machado de Aguiar Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Inês Alcaraz Marocco Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Resumo

Compreender criando: eis o trajeto. Servindo-se da teoria dos arquétipos da psicologia analítica de Carl G. Jung, pretende-se estabelecer relações entre os procedimentos de criação do ator e os conceitos de mitopoese, símbolo e arquétipo, a fim de encontrar possíveis vínculos entre o processo criativo e os aspectos que caracterizam a manifestação da imagem arquetípica do herói. As mitologias fundadas a partir desse arquétipo expressam uma busca de autoconsciência, uma jornada de formação, um modelo processual. Esse trajeto se direciona à experiência da totalidade do ser, ao ato de integração do self denominado pela psicologia analítica junguiana como individuação. Conforme as concepções de Grotowski – principalmente no âmbito da chamada arte como veículo e do trabalho sobre si –, o processo de criação envolve experiências semelhantes de autoconhecimento e de totalidade. Caberia entendê-lo como processo de individuação? Nesse sentido, o encontro do próprio processo por parte do ator pode constituir-se como uma jornada mitopoética na qual a criação dá sentidos aos acontecimentos, é um discurso de processo.

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Publicado
2018-08-15
Seção
Mito, Imagem e Cena