Como é aprender balé clássico somaticamente?

  • Neila Baldi Universidade Federal da Bahia
  • Betti Gleber Universidade Federal da Bahia

Resumo

Este artigo traz algumas conclusões da pesquisa de Mestrado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia (UFBA) sobre balé clássico e educação somática. O estudo foi realizado com alunos da Licenciatura em Dança da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), tendo como suporte metodológico a cartografia e a pesquisa somática. Foram instrumentos de análise: questionários sobre dança, corpo e balé (no início e no fim da pesquisa), diários dos estudantes, filmagens e fotografias, reflexões e relatórios comparativos entre as aulas de balé dentro e fora da Universidade. Os resultados iniciais indicam mudança na percepção das aulas de balé clássico. No início, havia uma visão estereotipada – em relação ao tipo de pessoa apta, a uma forma rígida e certa de dançar e a uma postura específica. Ao final, percebeu-se que todos podem aprender a técnica,
que há espaço para a criatividade e que o alinhamento é pessoal e construído. Do ponto de vista do processo de aprendizagem, descobriu-se a possibilidade de se conhecer o caminho do movimento e de a técnica, por meio da somática, permitir um processo de autoavaliação. Conclui-se que o aprendizado do balé clássico somático permite a construção do conhecimento no/do/pelo movimento, bem como um autoconhecimento.

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Publicado
2018-08-15
Seção
Pesquisa em Dança no Brasil: Processos e Investigações