A musicalização da cena do espetáculo de rua Sua Incelença, Ricardo III
Resumo
Em Sua Incelença, Ricardo III, dirigido por Gabriel Villela, os Clowns deShakespeare conjugam o lirismo da poesia dramática de Shakespeare com música
e dança. O próprio título da produção já anuncia a musicalidade, visto que menciona as incelenças ou cantigas fúnebres do sertão nordestino que são entoadas cada vez que assassinatos são cometidos a mando de Ricardo, constituindo o Leitmotiv do evento cênico. Os atores, vestindo roupas coloridas, entram cantando e dançando, no picadeiro montado em logradouros públicos, mas essa atmosfera festiva e carnavalizada, que se repete em diversos momentos durante o espetáculo, contrasta com os atos de violência da ficção dramática. As músicas servem de elo entre as cenas curtas construídas a partir da condensação do texto shakespeariano,
marcam a entrada de diversas personagens e reforçam o diálogo intercultural
articulado por meio da inserção de elementos do fenômeno do Cangaço. Com base
em postulados teóricos de Mikhail Bakhtin e teatrólogos diversos, objetivamos
mostrar que, para os Clowns de Shakespeare, a musicalização da cena constitui-se
em um elemento essencial para a composição do espetáculo.
Referências
BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. 6ª. ed. Trad. Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2008.
CLOWNS DE SHAKESPEARE. Sua Incelença, Ricardo III. Gravação do espetáculo
em DVD, 2011.
JORGENS, J. J. Shakespeare on Film. London and New York: University Press of
America,
PAVIS, P. Dicionário de teatro. Trad. J. Guinsburg e Maria Lúcia Pereira. São Paulo: Perspectiva, 1999.
SHAKESPEARE, W. Ricardo III. Trad. Anna Amélia Carneiro de Mendonça. In:
____. Ricardo III e Henrique V. Trad. Anna Amélia Carneiro de Mendonça e Barbara Heliodora. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993, p. 17-152.
TRAGTENBERG, L. Música de cena: dramaturgia sonora. São Paulo:
Perspectiva/FAPESP, 1999.
YAMAMOTO, F. Roteiro cênico do espetáculo Sua Incelença, Ricardo III. Versão
eletrônica, 2011.