Anchieta e o Perspectivismo Ameríndio
Resumo
Pensar as origens do teatro brasileiro no século XVI a partir da obra dePadre Anchieta, sob a perspectiva da etnocenologia, do teatro como
performatividade, ritual, máquina lúdica, fenômeno espacial, e, principalmente,
como potência de recepção ativa e produtiva. Na cena pluricultural do período,
local de encontro diaspórico múltiplo, está se dando, de modo ambivalente, o
confronto e a troca entre duas civilizações estruturadas e ricas: a européia
medieval/ renascentista/ barroca e a indígena, foco central da atuação
catequética. Refletir sobre as porosidades da dramaturgia anchietana; entre
outras possibilidades, principalmente, no momento em que é reconfigurada no
contexto festivo-ritualístico de sua encenação, na ambiência selvagem tropical,
e recebida por uma cultura dotada de uma concepção de realidade muito
diferente da européia, já que corpórea e centrada na alteridade, chamada pelo
antropólogo Eduardo Viveiros de Castro de “Perspectivismo Ameríndio”.
Referências
ALMEIDA, Maria Cândida Ferreira. Tornar-se outro: o topos canibal na
literatura brasileira. SP: Annablume, 2012.
ANCHIETA, José de. Teatro. Sel., Introd. E Notas: Eduardo de Almeida
Navarro. SP: Martins Fontes, 1999.
BOSI, Alfredo. Anchieta ou as flechas opostas do sagrado. In: Dialética da
colonização. SP: Companhia das Letras, 1992.
BRANDÃO, Tânia. As lacunas e as séries: padrões de historiografia nas
“Histórias do Teatro no Brasil. In: MOSTAÇO, Edélcio (Org.).
Para uma história cultural do teatro. Florianópolis/ Jaraguá do Sul:
Design Editora, 2010.
CAMPOS, Haroldo de. Da razão antropofágica: diálogo e diferença na cultura
brasileira. São Paulo: Perspectiva, s/d.
CARDIM, Fernão. Tratados da terra e gente do Brasil. Transcrição, introd. e
notas: Ana Maria de Azevedo. SP: Hedra, 2009.
CASTRO, Eduardo Viveiros. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. SP: Cosac Naify, 2011.
PORTELLA, Eduardo. José de Anchieta: poesias. Col.: Nossos Clássicos. RJ:
Agir, 2005.
PRADO, Décio de Almeida. Teatro de Anchieta a Alencar. SP: Perspectiva,
RISÉRIO, Antonio. Textos e tribos: poéticas extraocidentais nos trópicos
brasileiros. RJ: Imago Ed., 1993.
SZTUTMAN, Renato. Eduardo Viveiros de Castro. Col.: Encontros. RJ: Beco do
Azougue, 2008.
COUTINHO, Marco Antonio. Fundamentos da psicanálise. Vol.2. RJ: Zahar,
FERÁL, Josétte. O real na arte: a estética do choque. In: RAMOS, Luiz
Fernando (org.). Arte e ciência: abismo de rosas. SP: Abrace, 2012.
LIGIÈRO, Zeca (Sel. e org.). Performance e antropologia em Richard
Schechner. Trad.: Augusto Rodrigues da Silva et alii. RJ: Mauad X, 2012.