Das auto-topografias da improvisação. Criações, lembranças, olhares

Resumo

A partir de pesquisas sobre a improvisação em dança como processo de cena
artística, faço uma análise das conexões e ressonâncias desta com o conceito de
heterotopias, de Michel Foucault, não para justificar seus procedimentos, mas
para nutrir as vias que provocam seu fluxo próprio. Este trabalho pretende, assim,
examinar as características, relações e instaurações que se dão em um ambiente
de improvisação delineado pelos percursos de lembranças e olhares, vistos como
conjuntos de imagens formadas a partir de um presente (embora estejam contagiados pelo passado ou estruturando-se para um futuro). Portanto, através de uma metodologia de experimentos cênicos abertos e individuais, faço um levantamento topográfico para observar como a improvisação cria um espaço presente onde intensificam-se as relações que instauram uma auto-topografia corporal que é atravessada por inúmeros lugares e estados imaginativos. Nesta perspectiva, o conceito de improvisação, tratado como heterotopia, refere-se à formação de espaços livres, os quais se tornam centrais na definição de uma topografia do corpo, pois revelam os trajetos que constroem uma linguagem própria, em seu status de processo criativo.