A relação entre o jornalismo cultural e a dança: o caso das companhias públicas no Brasil

  • Ana Cristina Etchevenguá Teixeira Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Resumo

Olhar para um objeto buscando entendê-lo como uma mídia da coleção de informações que o constitui. O conceito de mídia que fundamenta esta pesquisa é o da Teoria Corpomídia (KATZ; GREINER 2001, 2003, 2005, 2006), e propõe que as informações organizadas na forma de um corpo – seja vivo ou não – estão sempre em um trânsito contínuo com o ambiente (KATZ, 2004). O objeto aqui escolhido como mídia são as 16 companhias brasileiras oficiais de dança. A hipótese é a de que elas tornam-se mídias de um determinado tipo de poder, instaurado na sua própria estrutura. Elas replicam, na sua constituição administrativa, entendimentos importados da Europa Central do século XVII, época e local onde foram inventadas. Transplantam os princípios hierárquicos das sociedades que as gestaram para ambientes muito diferentes, tornando-se poderosas mídias de uma época já desaparecida (vinculada à nobreza centro-europeia). O texto tem como objetivo refletir sobre a replicação desse modelo na cultura brasileira, processo no qual o jornalismo cultural ocupa um papel de destaque. Seu comportamento em relação a essas companhias colabora para que elas continuem sendo mídias difusoras de uma prática colonial.