DESTRILHADOS: espaço e memória na criação da cena

  • Francis Wilker Universidade de São Paulo
  • Antônio Carlos de Araújo Silva Universidade de São Paulo

Resumo

O presente artigo tem como objetivo explorar os principais procedimentos de
criação utilizados no espetáculo Destrilhados, especialmente aqueles
relacionados ao uso do espaço urbano e os dispositivos ativadores da memória
como campo de investigação privilegiado no trabalho com os atores. O
espetáculo foi resultado da residência artística do Teatro do Concreto
(Brasília/DF) no ponto de cultura Espaço Cultural Casa da Ribeira (Natal/RN) e
trabalhou com jovens do ensino médio da escola pública Atheneu, participantes
do projeto ArteAção, um programa de educação pela arte mantido pelo centro.
A criação teve como ponto de partida temático “lá onde eu moro”,
possibilitando, por meio de expedições aos bairros dos jovens participantes,
uma intrincada relação entre espaço e memória que se estabeleceu como
dispositivo central na criação da obra. Dispositivo este, derivado da figura do
viajante Marco Polo na obra As cidades invisíveis de Italo Calvino. Noções de
simbolização, transferência, simultaneidade e depoimento pessoal presentes
no processo em questão e na experiência de sua encenação no bairro mais
antigo de Natal, a Ribeira, são analisados à luz de teóricos que se dedicam a
pensar as relações entre teatro e espaço urbano, como André Carreira.

Referências

CALVINO, Italo. As cidades invisíveis; tradução Diogo Mainardi. São Paulo:

Companhia das Letras, 1990.

CANTON, Katia. Tempo e Memória. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes,

CARREIRA, ANDRÉ. O espaço urbano como zona inóspita e a construção de

uma teatralidade invasora. In: SEABRA, Aline; CIRQUERIA, Nei; WILKER,

Francis (org.) Concreto em 7 Atos. Brasília: Organização Cultural Filhos do

Beco, 2011. Pág. 254-259.

TUAN, Yi-Fu. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência; tradução de Lívia de Oliveira. São Paulo: DIFEL, 1983.

Seção
Territórios e Fronteiras da Cena