Lia Rodrigues – dançando cartografias de resistência nas favelas do Rio de Janeiro
Resumo
A coreógrafa Lia Rodrigues descreve seu espaço de dança como localizado entre aLinha Vermelha — que liga o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro e a Zona Sul da
cidade — e a Maré, um dos maiores complexos de favelas do país, com mais de 140
mil habitantes. Os termos geográficos dessa descrição não são marginais à dança que
sua companhia cria na Maré desde 2003. Ao contrário, eles são centrais para o
remapeamento ativo que o seu trabalho faz da relação entre dança e política. O seu
primeiro trabalho criado na Maré, encarnado, explora a pergunta de até que ponto é
possível sentir a dor do outro ao criar dança no lugar onde a violência é diariamente
atualizada sobre corpos. Este artigo argumenta que a dança de Lia Rodrigues substitui
a prática da coreografia — a escrita da dança que precede o corpo dançante — por
uma cartografia que ativamente atualiza eventos políticos na superfície do corpo em
performance.
Referências
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