Rasaboxes e o Problema do Centro

  • Júlia Sarmento
  • Héctor Briones

Resumo

No trabalho apresentado problematizarei a existência de uma rasa central
(Shanta ou rasa da paz) na dinâmica do Rasaboxes, criada por Richard
Schechner a partir do Teatro Clássico Indiano. O Rasaboxes é praticado num
tabuleiro, ou seja, num quadrado, dividido em nove partes. Destas nove partes,
apenas uma permanece vazia e fixa, o centro, enquanto as demais são
reposicionadas a cada dia de experimentação. Devido à existência desse centro
fixo e imutável, as demais rasas (nojo, amor, medo, riso, surpresa, coragem,
tristeza e raiva) inevitavelmente orbitam ao redor daquele. Tal posicionamento
centro / periferia gera uma tendência circular que limita as possibilidades de
percurso dos praticantes no jogo. Nesse sentido problematizo: é preciso encontrar
um centro nesse quadrado? Não estaríamos “circularizando” esse quadrado?
Estaríamos projetando uma idéia de círculo em um mapa quadrado? E como isso
ressoa na própria dinâmica?

Referências

Artaud, A. (1999). O Teatro e seu duplo. São Paulo: Martins Fontes.

Cole, P. M. & Minnick, M. (2002). O ator como atleta do coração: o exercício dos Rasaboxes. Artigo livremente traduzido por Ana Lúcia Martins Soares e Elisa Pinheiro Silveira do original The Actor as Athlete of the Emotions: The Rasaboxes Exercise. Edited by Nicole Potte: Allworth Press. Disponível em:

Deleuze, G. & Guattari, F. (2012). Mil Platôs. Vol.5. São Paulo: 34.

Féral, J. (2008). Por uma poética da performatividade: o teatro performativo. Sala Preta, 197 – 210.

Huizinga, J. (1993). Homo Ludens. São Paulo: Perspectiva.

Ribeiro, A. (1999). Kathakali: Uma Introdução ao Teatro e ao Sagrado da Índia. Rio de Janeiro: Almir Ribeiro.

Schechner, R. (2012). A Estética do Rasaboxes. In: Ligiéro, Z. (org.). Performance e Antropologia de Richard Schechner. Rio de Janeiro: Mauad X.