Vou saravar terra que eu piso: O encontro com a terra no estudo da performance jongueira do Bracuí

  • Alissan Maria da Silva
  • Zeca Ligiéro

Resumo

Na relação entre a fala de jongueiros entrevistados e valores filosóficos bantos
- apoiando-se principalmente em estudos de Fu Kiau, Thompson e Ligiéro - o
presente trabalho constrói argumentos para o entendimento de uma relação
sagrada com a terra, que persiste viva e latente na construção da performance
jongueira da Comunidade Remanescente do Quilombo de Santa Rita do Bracuí
(Angra dos Reis, RJ). Na luta pela permanência em sua terra a comunidade se
percebe no jongo, como síntese da própria identidade que se constrói a partir
desta terra. E no encontro com a mesma, a pesquisa amplia seu olhar e passa
a entender que se a terra é a própria existência e o jongo é síntese de si,
perder esta terra - espaço de jongo - é perder a si próprio. Não ter esta terra é
não existir e, por isso, o jongo e a luta se tornam amalgamados na construção
dessas performances.

Referências

FU-KIAU, F. Kia Busenki. “Part I Conceptualization”. In: Self – Healing Power and Therapy. New York: Vantage Press, 1991.

_____________________.Sacred space: An African Bantu Traditional View. Paper presented at the SACRED SPACES, the Fourteenth Annual Expressions International Festival, 1992.

_____________________. The African Book Without Title. J.P., Cambridge, 1980.

LIGIÉRO, Zeca e DANDARA. Umbanda: Paz, Liberdade e Cura. Rio de

Janeiro: Record: Nova Era, 1998.

MATTOS, Hebe, ABREU, Martha (et alii). Relatório Antropológico de

Caracterização Histórica, Econômica e Sócio-cultural do Quilombo de Santa Rita do Bracuí. Rio de Janeiro: UFF/INCRA-SRRJ, 2009. (MIMEO).

SABINO, Jorge e LOUDY, Raul. “De pé no chão”. In: Danças de Matriz

Africana: antropologia do movimento. Rio de Janeiro: Pallas, 2011.

SILVA e OLIVEIRA FILHO, Marília T. Barboza da e Arthur L. de. Silas de

Oliveira, do jongo ao samba-enredo. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1981.

THOMPSON, Robert Farris.Flash of the Spirit: arte e filosofia africana e afroamericana; tradução Tuca Magalhães. São Paulo: Museu Afro Brasil, 2011.