A Alma Imoral segundo Clarice Niskier: da dissolução da dictomia entre teatro performativo e teatro dramático

  • Sergio Nunes Melo

Resumo

Tendo sido assistida por mais de 260.000 espectadores em várias cidades
brasileiras em seus sete anos de trajetória inconclusa, a peça A Alma Imoral,
dirigida e interpretada por Clarice Niskier, reconcilia a oposição binária (teatro
performativo x teatro dramático) identificada como tendência do teatro
contemporâneo por Josette Féral em seu texto seminal “Por uma poética da
performatividade: o teatro performativo” (2005). O presente artigo discute como,
seguindo a tradição judaica tanto da conversa reflexiva em meio ao rito social da
convivialidade quanto da quebra de regras de acordo com a necessidade,
Niskier propõe um idioma performativo que celebra a ruptura com qualquer
ortodoxia cênica, seja ela convencional ou vanguardista. O artigo aborda
também como a peça, radicalmente baseada no texto homônimo de Nilton
Bonder, promove uma discussão sofisticada que abrange, explicitamente,
Filosofia, Ética, Religião, Antropologia e História bem como, implicitamente, a
própria emergência da cena.

Referências

CROWTHER, Paul. The Transhistorical Image. Cambridge: Cambridge

University Press, 2002. 218 p.

FÉRAL, Josette. Por uma poética da performatividade: o teatro performativo.

Trad. Lígia Borges. Sala Preta. V. 8, n. 1 (2008). 197-210.

GROTOWSKI, Jerzy. (1987) Le Performer. Grotowski Workcenter. Pontedera,

Workcenter of Jerzy Grotowski, 1987. p. 53-57.