Assemblage: corpo e cena em agenciamentos coletivos

  • Jussara Xavier

Resumo

Reflexão sobre questões exploradas na criação do espetáculo
Assemblage (2013). Nesta experiência, passado, presente e futuro coexistem
para retratar o tempo (e a vida) em sua multiplicidade. Interessa somente o
“entre” como espaço para declaração do existente e evocação de memórias. A
discussão revê os seguintes princípios compositivos: a repetição como
ferramenta para ressignificação de imagens preexistentes; a apropriação como
recurso de conhecimento e experimentação; o nomadismo e o rizoma como
perspectiva de geração de saberes. Assemblage, do francês assembler,
significa reunir. Também designa agenciamento, conceito dos filósofos Gilles
Deleuze e Félix Guattari. Trata-se de um dispositivo que opera por princípios
de combinação e heterogeneidade, em que qualquer um de seus pontos pode
ser conectado a qualquer outro. Desprovido de centro, o agenciamento
propaga-se por prolongamentos, variações e linhas. O trabalho criativo está
sintetizado em fronteiras: simultaneamente ativo e passivo, dança e teatro, uno
e múltiplo, fantástico e ordinário. Zonas sobrepostas povoam o corpo e a cena,
evidenciando-os como paisagem própria do mundo contemporâneo.

Referências

BARTHES, Roland. O rumor da língua. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

DELEUZE, Gilles. Lógica do sentido. 5.ed. São Paulo: Perspectiva, 2009.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é a filosofia? 3.ed. Rio de Janeiro:

Editora 34, 2010.

FABIÃO, Eleonora. Corpo cênico, estado cênico. Folhetim: Teatro do

pequeno gesto, Rio de Janeiro, n.17, p. 24-33, mai - ago. 2003.

LOUPPE, Laurence. Poética da dança contemporânea. Lisboa: Orfeu Negro,

NUNO GIL, José. Abrir o corpo. In: FONSECA, Tânia; ENGELMAN, Selda.

(Orgs.). Corpo, arte e clínica. Porto Alegre: UFRGS, 2004. p.13-28.