Trajetórias, Narrativas e Densidade Poética na Dança: A Dançatar
Resumo
O artigo apresenta uma proposta transdisciplinar de dança com base noentrecruzamento de áreas afins, cujo objetivo é promover o acontecimento e
inaugurar-se do dançante. Pressupõe formas de proceder em dança que se
arriscam em direção a uma dialógica crítica sugerida por um processo contínuo
de instigação e provocação no qual cada pessoa, em especial a mulher, foco
desta pesquisa, assume como resposta as provocações e solicitações da
contemporaneidade, o desafio de ser quem é. Este pressuposto resultou na
Dançatar, uma estratégia em dança que através do movimento acessa os
afetos e o imaginário em busca da narrativa corporal para alcançar um
processo de singularização, que acontece pela percepção da pessoa de sua
própria dinâmica. Trata-se ainda de uma possibilidade de ressignificação da
dança enquanto arte, hábito, contexto social, paisagem urbana e exercício de
uma ética e uma estética na pólis, a partir de procedimentos em dança que
possam falar ao/do corpo e se construir arte onde quer que se apresente. Este
estudo integra uma pesquisa de doutoramento cuja motivação é o exercício da
dança como uma experimentação/viabilização do imaginário e daquilo que o
fundamenta. A abordagem metodológica parte de uma pesquisa experimental
realizada com um grupo de mulheres, cujas estratégias de aplicação e
verificação dos referenciais e indicadores da Dançatar, se destinam a avaliar a
propriedade de sua interação e intervenção como um sistema em dança.
Referências
BERTAZZO, Ivaldo. Cidadão Corpo: Identidade e Autonomia do Movimento. São Paulo: Summus, 1998.
BORGES, N. C.. Dançatar: uma autopoieses do feminino através da dança. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Escola de Dança/Escola de Teatro, 2011. 128f.
______. A Mulher e os seus Símbolos: A Dança na Arteterapia. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) – Instituto Junguiano da Bahia/ Fundação Bahiana para o Desenvolvimento das Ciências, 2009. 160f.
DURAND, Gilbert. Campos do Imaginário. Trad. Maria J. B. Reis. Lisboa:
INSTITUTO PIAGET, 1996.
______. A Imaginação Simbólica. Trad. Liliane Fitipaldi. São Paulo: Cultrix, 1998.
______. As Estruturas Antropológicas do Imaginário: Introdução a
Arquetipologia Geral. Trad. Hélder Godinho. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.
GAWAIM, Shakti. Creative Visualization: Use the Power of your imagination to create what you want in your life. Califórnia, USA: New World Library, 2002.
GIL, José. Movimento Total. São Paulo: Iluminuras, 2004.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo:
JUNG, C. G. O Eu e o Inconsciente. Trad. D. F. da Silva. Petrópolis: Vozes, 2006. v. VII (obras completas).
______. O Homem e seus Símbolos. Trad. M. L. Pinho. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 2008.
MAFESOLI, Michel. O Conhecimento Comum: compêndio de sociologia
compreensiva. Trad. Aluízio Ramos Trinta. São Paulo: Brasiliense, 2007.
MONTAGU, Ashley. Tocar: o significado humano da pele. São Paulo: Summus, 1988.
VIANNA, Klauss; CARVALHO, Marco Antonio de. A Dança. São Paulo:
Siciliano, 1990.