Estética e Poética: apontamentos para uma ontologia do corpo quando obra

  • Igor Teixeira Silva Fagundes

Resumo

A partir de Martin Heidegger em A origem da obra de arte, este estudo
questiona a herança metafísica das pesquisas em Dança quando subordinadas
à Estética e às Teorias da Arte. Vale-se do método poético-hermenêutico do
filósofo, que suspende cada conceito para recolocar a questão em seu
horizonte originário. Heidegger entende que a assunção da subjetividade como
centro da criação atualiza a bitola fundamento-fundamentado, conteúdoexpressão.
Pretendendo-se Lógica do sensível e Analítica do belo, a Estética
raciocina a sensibilidade: redime o apartamento entre sensível e inteligível na
mesma medida em que os pressupõe para a síntese reiterativa do sujeito. As
Teorias da Arte convertem a obra em objeto; deixam-na incluída por uma
ciência que paradoxalmente excluiu a arte, entendendo-a fora de seus
parâmetros. A relação sujeito-objeto não acata o ser como o acontecer
dinâmico do nada, como poiesis. Reconhecida a fundação/afundamento do real
como a construção poética primeira, alheia a todo antropocentrismo, o corpoem-
arte se exime da sobrecarga epistemológica e se liberta para a Poética
como experiência ontológica. Testemunho deste agir originário, prévio aos
sujeitos, a dança cumpre a dinamogênese da vida: ratifica a condição humana
do bailarino e a condição bailarina do humano.

Referências

FERRITO, Ronaldo. “Aprender”. Rio de Janeiro, mimeo, 2013.

HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. São Paulo: Edições 70, 2010.

Seção
Pesquisa em Dança no Brasil: Processos e Investigações