Processos de criação autobiográficos: a vida como obra de arte

  • Thaís Gonçalves
  • Daniel Tércio

Resumo

Qual a diferença entre dançar e mover-se? Que processos de criação
demarcam uma produção em dança, na perspectiva de uma linguagem em
arte, de modo a diferenciá-la de uma sequência de passos harmoniosamente
executados, tal como descrevem os dicionários? Essas são inquietações que
movem a disciplina História e temporalidade na dança: especificidades,
ministrada na graduação em Dança do Instituto de Cultura e Arte da
Universidade Federal do Ceará (ICA/UFC). Acreditando que não há separação
entre teoria e prática, dança e pensamento, e trazendo a indagação da
coreógrafa alemã Pina Bausch, que perguntava a cada um dos bailarinos “o
que te move?”, os alunos desenvolvem uma investigação que culmina em uma
composição coreográfica cujo tema é Minha historia da dança dançada por
mim. Entre os referenciais artísticos, 3 Solos em um Tempo, da bailarina
Denise Stutz, e o solo Isabel Torres, do criador francês Jérôme Bel. As duas
composições cruzam histórias pessoais com a história da dança. Este texto
apresenta o modo como os alunos elaboram cenicamente as inquietações em
torno do quanto são capazes de dançar e pensar por si mesmos no sentido de
uma produção em arte. Entre os referenciais conceituais, a noção de corpo
com campo de forças e de vida como obra de arte, em José Gil e Michel
Foucault.

Referências

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 23ª

edição, 2007.

GIL, José. Movimento total: o corpo e a dança. São Paulo: Iluminuras, 2004.

ORTEGA, Francisco. Amizade e estética da existência em Foucault. Rio de Janeiro: Graal, 1999.