Da gira das pombagiras à emanação de personagens pelo Método BPI

  • Graziela Rodrigues

Resumo

Retomam-se neste ano as pesquisas de campo num terreiro de Umbanda,
mais especificamente reencontros com uma potência feminina que se desdobra
em vários nomes. São elas, a Pombagira Maria Mulambo, Pombagira Cigana,
Táta Mulambo, dentre outras, e aquelas conhecidas de longa data, Maria
Padilha e Maceió. Já se passaram mais de três décadas desde quando foi
realizada a primeira pesquisa sobre o tema, e de lá para cá, em vários
momentos se retornou a este mesmo campo. Teve-se a oportunidade de
acompanhar a trajetória de uma pombagira, chamada Maceió, até a sua
mudança de falange, quando não mais ocuparia o corpo do médium com a
mesma representação e frequência. No exato momento em que Maceió saiu do
corpo do médium, para sua nova travessia, incorporou nele uma Maria Padilha.
Descrevem-se os reencontros com estas pombagiras. O foco desta pesquisa é
aprofundar sobre o significado das pombagiras. A dinâmica do terreiro foi
instaurada com seus rituais para possibilitar que tais entidades se
manifestassem. Não há como isolar a entidade de seu público. É a interação
entre eles que forma a estruturação de uma pombagira, sociologia da imagem
corporal. O processo da entidade incorporada na Umbanda — fruto de toda a
dinâmica do terreiro — elucida aspectos importantes do processo da
personagem incorporada no método BPI. A pesquisa se dá realmente em outro
lugar, nos terreiros também chamados de “macumba”. Então, pode-se atribuir a
esta palavra “macumba” novos significados, tal como corpo profundo da
personagem incorporada. Apontam-se alguns fragmentos que tal tema revela.

Referências

MEYER, M. Maria Padilha e toda a sua quadrilha: de amante de um rei de

Castela a Pombagira da Umbanda. São Paulo: Duas Cidades. 1993.

RODRIGUES, G. Bailarino-Pesquisador-Intérprete: processo de formação.

Rio de Janeiro: Funarte, 1997. (Reedição 2005).

_________. O Método BPI (Bailarino-Pesquisador-Intérprete) e o

desenvolvimento da imagem corporal: reflexões que consideram o discurso

de bailarinas que vivenciaram um processo criativo baseado neste método.

171p. Tese (Doutorado em Artes) – Instituto de Artes, Universidade

Estadual de Campinas, Campinas, 2003.

Seção
Pesquisa em Dança no Brasil: Processos e Investigações