A mimésis corpórea como ponto de partida para a aplicação do conceito de memória nas pesquisas dos Grupos Matula Teatro e Os Fofos em Cena

  • Melissa Lopes
  • Miguel Damha
  • Renato Ferracini

Resumo

A pesquisa do Grupo Matula em seus primeiros cinco anos foi bastante
influenciada pela mimesis corpórea, metodologia sistematizada LUME – Núcleo
Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais da UNICAMP. Desde seu início, os
atores do Matula sempre tiveram como ponto de partida para sua criação
artística a observação e a codificação de matrizes corporais e vocais de
pessoas do cotidiano e de imagens estanques. Para a elaboração de
personagens, sempre foi necessário o contato dos atores com realidades
sociais que comumente se encontram à margem da sociedade. Esta
aproximação sempre se deu por meio de depoimentos, confissões e histórias
que na maioria das vezes estavam associadas a imagens de memórias.
Durante este trabalho de apreensão de matrizes pudemos detectar que todo o
objeto que fora escolhido pelos atores correspondia a memórias pessoais e
que necessariamente eram ligadas às nossas origens. A escolha de contrapor
a metodologia de mimesis corpórea nas pesquisas dos atores do Grupo Matula
Teatro e a Cia. Os Fofos Em Cena se deve ao fato deste último ter realizado
uma forma diferente de apropriação da metodologia de criação que parte
diretamente do universo pessoal de cada ator e de um texto dramático, que
contrapõe o modo conduzido pelo Grupo Matula. Apesar de se tratar de
pesquisas distintas, as experiências de cada um desses grupos se utilizaram
da metodologia em mimesis corpórea para acionar o que denominamos de um
“corpo memória”.

Referências

LOPES, M. Ver além da Máscara. Tese de dissertação de Mestrado.

UNICAMP, Campinas, 2006.

MORENO, N. Teatro de uma saudade: Experiências de memória brasileira em

“Assombrações do Recife Velho” & “Memória da Cana”. Tese de Doutorado.

USP, São Paulo, 2011.

FERRACINI, R. A Arte de não Interpretar como poesia corpórea do

cotidiano. Editora UNICAMP, Campinas, 2011.