Operações radicais de dramaturgia: rastros de imagens cênicas no teatro de Bia Lessa

  • Maria Helena Werneck

Resumo

O palco pode ser espaço de ausência, lugar propício ao acontecimento,
recusando-se à estabilização descritível das coisas visíveis, cuja aparência característica
reconhecemos de pronto. A partir da aproximação à obra de James Turrel, em estudos
críticos e filosóficos (Adcock, Didi-Huberman) e dialogando com Sarrazac, analisam-se
espetáculos de Bia Lessa, que realizam experiências de processamento de narrativas
literárias em dramaturgias, não apenas fortemente abertas a linguagens plásticas,
convertendo a palavra escrita em inscrição visual no espaço, mas também propulsoras de
fontes sonoras corporais, propícias a novas lógicas rítmicas de enunciação. Com base em
documentos em video, analisa-se a escritura cênica dos espetáculos Cartas Portuguesas
(1991) e Viagem ao centro da Terra (1993).

Referências

ADCOCK, Craig. James Turrel. The art of light and space. Berkley: University of California Press, 1990.

ANDRADE. Eugênio de. Cartas portuguesas atribuídas a Mariana Alcoforado. 5ª. Ed. Porto: Limiar, 1986.

DIDI-HUBERMAN, Georges. L’homme qui marche dans la couleur. Paris: Éditions de Minuit, 2001.

VERNE, Julio. Viagem ao Centro da Terra. 8ª. Ed. Trad. Cid K. Moreira. São Paulo: Ática, 2009.

WERNECK, Maria Helena. O Bando: um teatro de formas no ar. In: Revista Sala Preta. São Paulo: PPGAC-ECA – USP, 2009, n.9.

Seção
Teatro Brasileiro