O absoluto e o grotesco da derrota: 60 anos de uma tragédia brasileira

  • Adriana Silva Amorim

Resumo

O presente texto discute algumas recorrências encontradas na obra Shakespeare
nosso contemporâneo, de Jan Kott (2003), mais precisamente na análise do que ele
identifica como o absoluto nas tragédias clássicas e renascentistas e grotesco no drama
contemporâneo. Esses elementos são identificados na partida de futebol ocorrida no dia 16
de Julho de 1950, no Estádio do Maracanã, quando o Brasil perdeu a chance de tornar-se
campeão mundial de futebol, num evento em que todas as probabilidades apontavam para
uma vitória da nossa seleção. A base para esta comparação é a relação entre o universo
dessa partida e seu impacto no público. Defende-se aqui, portanto, o lugar do espectador na constituição da dramaturgia do futebol, pois é apenas nessa relação que se lhe pode
conferir um caráter trágico.

Referências

AMORIM, Adriana Silva. TEATRO X FUTEBOL: por uma dramaturgia do espetáculo futebolístico. Salvador – Dissertação de Mestrado: PPGAC/UFBA, 2009.

DAMATTA, Roberto. A Bola Corre Mais que os Homens: duas copas, treze crônicas e três ensaios sobre futebol – Rio de Janeiro: Rocco, 2006.

_____ (org.). Universo do Futebol. – Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1982.

HUIZINGA, Johan. Homo Ludens – o jogo como elemento da cultura. Tradução de João Paulo Monteiro – São Paulo: Perspectiva, 2007.

KOTT, Jan. Shakespeare nosso contemporâneo. Tradução Paulo Neves. São Paulo: Cosac & Naif, 2003.

MILLAN, Betty, O país da bola. Rio de Janeiro: Record, 1998.

WISNIK, José Miguel. Veneno Remédio: o Futebol e o Brasil – São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

Seção
Teorias do Espetáculo e da Recepção