De encontros e mortes – A necessidade do ridículo

  • Ana Goldenstein Carvalhaes

Resumo

Quando engatamos numa marcha, da repetição da vida, e não percebemos, as vezes
acabamos por construir mascaras fantasiosas e ilusórias de nós mesmos. Isso também se dá na cena. Há todo um movimento performático contrário à essa forma de representação e ilusão, que tem a ver com uma luta contra a falsidade e a “a grande falcatrua” da vida social (PESSANHA, 2002). Performances podem ser bons lugares para deslocar a noção que a pessoa tem de si mesma, mas o deslocamento pode ser penoso. Por exemplo, é muito comum a gente se sentir ridículo performando. Mas é importante se sentir ridículo em cena, há um estranhamento interessante nessa sensação. Uma forma de proteção contra essa sensação poderia ser justamente a construção dessas mascaras que não necessariamente ajudam na transformação da pessoa que performa. Mas se estamos esperando uma transformação do artista e do público, criado pela experiência artística, assumir certo grau de ridículo pode ajudar nessa empreitada. A persona performática clama pela experiência de uma intensidade de nós mesmos. É um problema de uma existência. E a existência, um enigma. Essa reflexão se dá a partir da experiência realizada no evento X Moradias, em São Paulo em 2009, de uma performance executada por mim e proposta pelos artistas Cassio Santiago e da Elisa Band. Só o que fazemos de nós mesmos é o que importa, numa inteira responsabilidade por sermos assim tão ridículos.

Referências

PESSANHA, Juliano G. A certeza do Agora. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.

SANTIAGO, Cassio. “Plástica Social como Forma de Esculpir o Mundo”. Seminário Internacional Joseph Beuys, A Revolução Somos Nós, realizado por ocasião da exposição de nome homônimo. Sesc Pompeia, 16.10.2010.

http://www.forumpermanente.org/.event_pres/jornadas/joseph_beuys

Seção
Territórios e Fronteiras da Cena