Escombros e a concretude da visualidade
Resumo
Considero tanto a visualidade como o olhar criativo essenciais para o espetáculo teatral e, apoiado em autores como Josette Féral, Hans-Thies Lehmann e Rudolf Arnheim, procuro evidenciar o valor da visualidade no Teatro. Por meio da análise visual do espetáculo Escombros, do Grupo Sobrevento, demonstro a eficiência do cuidado com a plasticidade em cena. Caso se tratasse de um espetáculo baseado em texto, muitas indicações do que é visto em cena já existiriam em um plano teórico, com indicações em rubricas ou em diálogos, e a transposição da peça para o espetáculo equivaleria à adaptação do imaginável para o visível, entretanto, em Escombros, os artistas escolheram partir dos elementos visuais, demarcando suas significações, suas possibilidades práticas para a cena e a expressão sensível de um tema potente. O grupo organizou as partes, equilibrou as imagens, enfatizou a atenuou cores, formas e volumes, por meio de composição e iluminação. As palavras surgiram da conciliação de informações e sentimentos estimulados pelas imagens recolhidas. Comprovo que o que o Sobrevento apresenta é um experimento condutivo equilibrado, que não menospreza a percepção do espectador e lhe dá condições para se emocionar e encontrar suas próprias significações.
Referências
ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. In: Os pensadores. São Paulo, Abril Cultural, 1978.
FÉRAL, Josette. Além dos limites: teoria e prática do teatro. São Paulo: Perspectiva, 2015.
LEHMANN, Hans-Thies. O Teatro Pós-Dramático. São Paulo: Cosac e Naify, 2007.
PAVIS, Patrice. Dicionário de teatro. São Paulo: Perspectiva, 1999.
VARGAS, Sandra. A força poética na memória dos objetos. Urdimento. Florianópolis, v.2, n.32, p. 425-434, setembro 2018.