Teatro com a rua – nuances estéticas e políticas do teatro de rua na contemporaneidade

Resumo

Interessado nos fluxos entre tradição e contemporaneidade bem como sobre os atravessamentos de um teatro disposto a habitar e compor silhuetas urbanas, busco com o presente artigo refletir sobre algumas nuances poéticas e políticas da composição de dramaturgia e encenação do teatro de rua brasileiro na atualidade. O breve panorama a ser apresentado fala de um movimento histórico no teatro de rua que, a partir do conflito “teatro de rua versus teatro na rua”, tem se atido cada vez mais a um estado de presença no espaço público, ocupando-o, invadindo-o e compondo formas de vida e (de) cidade. A partir de uma compreensão de que a estrutura da arte e a do mundo são a mesma, que o teatro é uma das instâncias que compõem a vida e não um substrato com leis diferenciadas e influenciado por Bia Medeiros e o Grupo Corpos Informático, busco pensar a ação do Teatro de Rua como um ato de composição de cidade e não apenas como metáfora ou alegoria sobre a mesma. O teatro de rua, enquanto fenômeno urbano precisaria ser compreendido em sua potência de vida, de acontecimento que fere a ordem vigente e constitui, mesmo que de modo efêmero, outras cidades. Defendo que para além do plano temático, o próprio fato de realizar algo no espaço público já significa compor dentro das dinâmicas culturais, simbólicas, arquitetônicas e materiais do urbano.

Biografia do Autor

Altemar Gomes Monteiro, Universidade Federal de Minas Gerais
Doutorando em Artes da Cena pela Escola de Belas Artes da UFMG, Mestre em Artes pelo PPGARTES/UFC, tecnólogo em Artes Cênicas pelo IFCE, especialista em Arte Educação e Cultura Popular, licenciado em Teatro pela Universidade Federal do Ceará.

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Publicado
2019-05-08
Seção
Artes Cênicas na Rua