O corpo poético-dançante e a pombagira - prolongamentos e conexões

Resumo

O presente trabalho pretende investigar o corpo poético-dançante estabelecendo aproximações com a Pombagira. A Pombagira é uma potência feminina cultuada na religião da Umbanda/Brasil. Ela e o seu correspondente masculino Exu são os mediadores entre o mundo visível dos homens e o mundo da invisibilidade e da natureza. A Pombagira traz consigo a força da ebulição, subvertendo a realidade posta e criando espaços de deslocamentos para provocar a mobilidade de pontos de vista. Neste estudo, a partir das minhas experiências com a Pombagira Maria Mulambo, são estabelecidas novas realidades, tomando o CorpoKatya como sendo um corpo-lugar em movimento ininterrupto, pleno de rastros e histórias ouvidas e vividas, repletas de cantos e encantos. Nessas sensíveis e tão complexas experiências, o CorpoKatya é convocado a realizar travessias que suscitam trânsitos mútuos, os quais  abrem porosidades para conexões do CorpoKatya com todos os seus prolongamentos possíveis. CorpoKatyaGiovanna (minha filha), CorpoKatyaGiovannaLara (minha neta), CorpoKatyaMariaMulambo seguem, assim, potencializando-se entre tantos outros prolongamentos, sem deixar de ser CorpoKatya, porém sob novas e fortalecidas possibilidades de ser Katya. O CorpoKatya e a Pombagira são poéticos e dançantes na medida em que um confere ao outro, novas dimensões e seguem prolongando-se entre si e para além deles mesmos, inaugurando perspectivas e compondo poéticas, como sendo um continuum, de modo que não sabemos onde começa um e termina o outro. Estamos falando da relação CorpoKatyaPombagira enquanto potência poético-dançante gerando potências ulteriores no decurso dos acontecimentos. O Corpo poético-dançante e a Pombagira coabitam o lugar da experiência em curso, de tal modo que, ontem/antes, hoje/agora e amanhã/depois deslocam-se e ganham projeções de Mundos, de variados universos simbólicos. Ontem, hoje e amanhã  sobrevivem, resistem e transcendem ao somatório de instantes racionalizados no ciclo da cronologia hegemônica no Mundo dos seres humanos.