Transformação borboletária – o despertar do voo de uma escritora-borboleta

  • Ana Claudia Moraes Universidade Federal do Pará

Resumo

Escrevo sobre uma tese que se transforma nas asas sagradas de Yansã, sob a imagem poética bachelardiana de casulos, pupas, vulvas, vaginas e vulgaborboleta. Na perspectiva epistemológica da Etnocenologia assento minha metodologia de pesquisa, em andamento, sobre uma Mãe de Santo travesti/trans, em processo de autorreconhecimento enquanto mulher transfeminina, Mãe Rosa Luyara. Relações imaginais repercutem a imagem craquelada da escritora-borboleta nas encruzilhadas-desviantes que encontra no Terreiro de Umbanda de Dona Rosinha Malandra em Icoaraci/Pa, traçando correlações teóricas sobre alquimias rituais do aqui e agora, pensamento politizado de Rosinha Malandra. A transformação borboletária corrobora para o desenvolvimento de uma nova pesquisadora: atriz-pesquisadora-bacantetransformação necessária para a compreensão de uma visão libertária de conhecimento. A escritora-borboleta desperta com certa aflição dentro de um casulo, morno e estranho diante do alicerce que pisava. Olha pela fresta, desconfiada de que algo está lhe acontecendo, um misto transitório de estranhamento e pertencimento. E pela fresta vê uma mulher estonteante, sensual, imoral, vestida com uma rosa vermelha no cabelo, que sorri para ela, como num convite. Essa mulher canta, canta um canto ancestral que ecoa profundamente nas paredes de seu casulo. É ela, a malandra – Rosinha Malandra.

Biografia do Autor

Ana Claudia Moraes, Universidade Federal do Pará
Doutoranda em Artes pelo PPGARTES/UFPA.

Referências

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Publicado
2019-05-08
Seção
Etnocenologia