O papel dos festivais para consolidação da autonomia no campo teatral brasileiro.

  • Michele ROLIM B. Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Resumo

Nesse artigo, examina-se os festivais de artes cênicas desenvolvidos durante a primeira metade do século XX, em nosso país, buscando identificar sinais da construção e consolidação de uma autonomia, não apenas do campo teatral, mas das linguagens expressivas que representam, historicamente, o teatro moderno brasileiro. Para tanto, propõe-se identificar marcos possíveis da autonomia do campo do teatro, compreendendo a organização do teatro moderno brasileiro, para apontar o surgimento das instituições estruturantes do meio, como por exemplo, a fundação das primeiras escolas para formação de atores, os primeiros teatros públicos, a crítica, e, neste artigo, investigaremos os primeiros festivais. Considera-se, aqui, que a condição de autonomia das obras de artes é constatada quando as obras são passíveis de serem construídas e julgadas segundo valores, regras e paradigmas específicos da forma de expressão que representam e, sob esse ponto de vista, consideram-se abordagens teóricas que entendem a autonomia dos diferentes campos artísticos como sinal de independência e afirmação das artes no campo social mais amplo. Levando em conta que, ao final da Modernidade, as várias formas de produção simbólica e de conhecimento já conquistaram suas autonomias, tornam-se possíveis as práticas inter e transdisciplinares. Seria mediante a afirmação dos dois níveis de autonomia da arte - “autonomia social” (conquista e consolidação de um espaço social para cada uma das expressões artísticas) e “autonomia estética” (conhecimento das qualidades próprias de cada linguagem e “desenvolvimento máximo” da experimentação das linguagens; afirmação de suas “especificidades”) - que se poderia considerar uma condição de Pós-autonomia. Pretende-se, assim, revisitar as tentativas e etapas de construção de autonomia do campo teatral brasileiro moderno para, em um segundo momento, debater a possibilidade de abordá-lo, teoricamente, pelo viés da pós-autonomia teatral.

Biografia do Autor

Michele ROLIM B., Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas do Instituto de Artes da UFRGS.

Referências

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Publicado
2019-05-08
Seção
Cartografia de Pesquisas em Processo