Por que tão cru? Quando a experiência desacata a representação

Resumo

Os modos contemporâneos de preparação do ator mesclam técnicas e motivações diversas, sobre diferentes perspectivas da matriz criativa, para o alcance de estados físicos e psíquicos que tragam cada vez mais vivacidade à cena. Esses processos incluem jogos e exercícios que acionam repertórios e desejos para a criação, mas é possível estimular ambientes que disponibilizem os corpos à experiência e teçam novos reais? Este estudo persegue a experiência no processo criativo como fundadora de dramaturgia própria, onde o ator é autor imediato e transgride a representação; sobrepondo o desejo às materialidades e espreitando os riscos da congruência arte-vida nas tensões: laboratório e ateliê, ensaio e encontro, referência e representação. A discussão adentra no território dos Entres e liminaridades da mímesis para pôr luz a momentos de não-representação; acompanha o movimento cartográfico da pesquisa de mestrado da autora em sua trajetória de investidas práticas e se debruça sobre o processo criativo como acontecimento, explorando os eventos e sensações ali vivenciadas para tecer a cena.

Biografia do Autor

Nicolle Silva Machado, Universidade Federal de Uberlândia

Mestranda pelo Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas, do Instituto de Artes da Univerdade Federal de Uberândia, bolsista pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão.

 

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Publicado
2019-05-08
Seção
Cartografia de Pesquisas em Processo