Os papéis de gênero na dança de salão – pela urgência do fim da boa dama

  • Paola de Vasconcelos Silveira Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Resumo

Objetivo nesse trabalho é refletir sobre como a dança de salão tem construído e sustentado padrões bem marcados de gênero, tendo como enfoque a subjugação do papel da mulher. Pretendo abordar quais os elementos que caracterizam uma “boa dama” na dança de salão tradicional, e como esse papel na dança acaba provocando a manutenção de relações hierárquicas entre homens e mulheres. Finalizo com considerações sobre a importância de se problematizar essa prática e reinventar outras formas de se fazer dança de salão, com normas menos rígidas, viabilizando assim que dessa dança possam emergir outros modos de existência.

Biografia do Autor

Paola de Vasconcelos Silveira, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UNIRIO, bolsista CNPQ. Mestra em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Licenciada em Dança pela UFRGS. Professora, bailarina e coreógrafa de dança de salão queer.

Referências

BERENICE, Bento. Na escola se aprende que a diferença faz a diferença”.Revista Estudos Feministas. Florianópolis, v.19, n.2, pp. 549 – 559, 2011.

DANTAS, Mônica. Dança: o enigma do movimento. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1999.

DESPENTES, Virginie. Teoria King Kong. São Paulo: n-1 edições, 2016.

DICIONÁRIO PRIBERAM DA LÍNGUA PORTUGUESA. Disponível em: http://www.priberam.pt/DLPO/. Acesso em: 15 out. 2012.

FORTIN, Sylvie. Contribuições possíveis da etnografia e auto-etnografia para a pesquisa qualitativa em práticas artísticas. Cena: Periódico do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, Porto Alegre, n. 7, p. 77-88, 2009. Tradução: Helena Maria Mello. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/cena/issue/view/910/showToc. Acesso em: 15 de nov. 2012.

FORTIN, Sylvie. La recherche qualitative dans le studio de danse: une relation dialogique de corps à corps. Revue de l´association pour la recherche qualitative, v. 10, p. 75-85, 1994.

FROSCH, Joan. D. Dance ethography: tracing the wave of dance. In: FRALEIGH, S; HANSTEIN, P. (Org.) Researching dancing: evolving modes of inquiry. Pittsburg: University of Pittsburg Press, 1999, p. 249-280.

HARAWAY, Donna J. Manifesto ciborgue: Ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. In:HARAWAY, Donna; KUNZRU, Harri; TADEU, Tomaz (Org.) Antropologia do Ciborgue: vertentes do pós-humano. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

LABRANÃ, Luis; SEBASTIÁN, Ana. Tango: una historia. Buenos Aires: Corregidor, 2000.

MAJEROWICZ, Ilana Taya I.; SILVEIRA, Paola de Vasconcelos. Cavalheirismo não é Gentileza: elucidações sexistas no pensar contemporâneo da dança de salão. Intercom: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Jonville, v. 1, n. 1, p.1-13, set. 2018.

MOTTA-LIMA, Tatiana. A Noção de Escuta: afetos, exemplos e reflexões. Revista do Lume, Campinas, v. 2, p.1-19, nov. 2012. Disponível em: gongo.nics.unicamp.br/revistadigital/index.php/lume/article/download/149/148. Acesso em: 03 ago. 2017.

NAU-KLAPWIJK, Nicole. Tango: Un Baile bien Porteño. Buenos Aires: Corregidor, 2006.

PAZETTO, Débora; SAMWAYS, Samuel. Para além de damas e cavalheiros: uma abordagem queer das normas de gênero na dança de salão. Educação, Artes e Inclusão, Florianópolis, v. 14, n. 3, p.157-179 Jul./Set. 2018. Disponível em: http://www.revistas.udesc.br/index.php/arteinclusao/article/view/11736/pdf. Acesso em: 29 nov. 2018.

PERNA, Marco Antonio. Dama boa não pensa. 2011. Disponivel em: http://www.marcoantonioperna.com.br/blog2/index.php?entry=entry110312-115032. Acesso em: 29 nov. 2018

PERROT, Michele. Os silêncios do corpo da mulher. In: MATOS, M. I. S.; SOIHET, R. O corpo feminino em debate. São Paulo: Ed. da UNESP, 2003. p. 13-27.

POLEZI, Carolina; VASCONCELOS, Paola. “Contracondutas no ensino e prática da Dança de Salão: a dança de salão queer e a condução compartilhada”. Revista Presencia, Montevideo, n.2, pp. 67-83, 2017.

PRECIADO, Paul B. Manifesto Contrassexual. São Paulo: n-1 edições, 2017.

PRECIADO, Paul B. Testo Yonqui. Madrid: Espasa, 2008.

RIED, Bettina, Fundamentos de dança de salão. Londrina: Midiograf, 2003.

RODRIGUES, Jacyra. Ser conduzida na dança. 2015. Disponível em: http://www.protexto.com.br/texto.php?cod_texto=3122. Acesso em: 29 nov. 2018.

ROMAY, Hector. Tango: música para bailar. Buenos Aires: Bureau Editor, 2006.

SAIKIN, Magali. Tango y Género: identidades y roles sexuales em el Tango Argetino. Sttutgart: Abrazos, 2004.

STRACK, MÍriam Medeiros. DANÇA DE SALÃO: Cartografia de uma abordagem feminista. 2017. 108 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Artes, Pós-graduação em Artes, Universidade Federal de Minas Gerias, Belo Horizonte, 2017.

ZAMONER, Maristela. Dança de Salão: conceitos e definições fundamentais. Quatro Barras, PR: Editora Protexto, 2013. 122 p.

ZAMONER, Maristela. Etiqueta para a dança de salão: primeiros passos. Curitiba: Comfauna, 2017. 168 p.

ZAMONER, Maristela. Dança de Salão: uma força civilizatriz. Curitiba: Comfauna, 2016. 108 p.

Publicado
2019-05-08
Seção
Grupo de Pesquisadores em Dança