O Teatro atravessado pelo território nas obras do Grupo Código

Resumo

O artigo versa sobre o trabalho artístico desenvolvido pelo Grupo Código, uma companhia de teatro fundada em 2005, com sede na cidade de Japeri, município com mais baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região metropolitana do Rio de Janeiro. O Grupo, um dos coletivos abordados na tese de doutorado de Marina Henriques Coutinho: “A favela como palco e personagem” publicada em 2012, tem desenvolvido suas produções com base nas diversas relações entre teatro e comunidade. Nesse artigo, estando nas funções de ator e produtor, procuro descrever como os processos criativos desenvolvidos junto ao grupo têm sido impactados por essas relações e, principalmente, pelo território, com a contribuição da noção de “teatro atravessado” de José da Costa e Cristophe Bident. Com base na análise dos quatro primeiros espetáculos de repertório do grupo, de seus processos de criação e de encenação, busco identificar os principais mecanismos de aproximação utilizados que viabilizam a conexão das obras com o território para refletir sobre as táticas poético-políticas do grupo. Esses mecanismos se dão por meio de algumas ações específicas como: a inserção do contexto social na estrutura dramatúrgica e como elemento do componente estético, a expansão espacial da cena, o que influencia a estrutura cênico-dramatúrgica do espetáculo. Há uma ênfase, sobretudo, na análise de “Inimigo do povo”, uma adaptação da obra de Ibsen montada em 2009 e o espetáculo de maior reconhecimento de toda a sua trajetória. O Grupo Código é um dos principais articuladores da Rede Baixada Em Cena, movimento que integra dezesseis grupos teatrais da Baixada Fluminense, vencedora do Prêmio Shell na categoria inovação pelo movimento de discutir estética e pela mobilização de diversos grupos em 2017.