Impressões sobre a criação de dramaturgias nas artes da cena: relato de experiência

Resumo

A autora Izabel Petraglia (2008) diz que a teoria da complexidade – desenvolvida pelo filósofo Edgar Morin – é multidimensional, na contramão de pensamentos reducionistas e cartesianos sobre o mundo. Ao contrário de padronizar e buscar certezas, a complexidade busca, em meio às incertezas, religar e unir os saberes em totalidade, estando os fenômenos em uma rede relacional, em que as partes interagem com o todo e o todo com as partes de forma interdependente, incorporando diversos modos de pensamentos e estabelecendo um diálogo/elo/laço constante entre o sujeito e o objeto. As interações entre linguagens artísticas e outros saberes promovem diferentes perspectivas dramatúrgicas nos modos de se fazer arte, pois propiciam o desprendimento de modelos, tendências e referências estéticas estabelecidas. Quer dizer, é preciso criar linhas de fuga - tomando o conceito de Deleuze-Guatarri - que propiciem a este campo de pesquisa a dissolução de barreiras e fronteiras disciplinares que setorizam o saber. De encontro com a pesquisadora Daniela Gatti (2011), a religação de conhecimentos em rede de saberes possibilita justamente a potencialização poética nos processos de criação nas artes da cena. Entender os atravessamentos de saberes na composição artística presencial, produzindo novos saberes de forma horizontal e múltipla pode ser uma alternativa de ressignificação e valoração das artes nos diversos contextos sócio-político-culturais.

Biografia do Autor

Daniela Rolim Machado Moreno Zuliani, Universidade Estadual de Campinas
Doutoranda desde 2019 e Mestra (2015) pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena do Instituto de Artes da Unicamp.

Referências

CRENSHAW, Kimberle. Documentos para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, ano 10, 2002.

COLLINS, Patricia Hill. Em direção a uma nova visão: raça, classe e gênero como categorias de análise e conexão. In: MORENO, Renata. Reflexões e práticas de transformação feminista. Cadernos Sempreviva, São Paulo, 2015.

DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia, volume 01. Tradução de Aurélio Guerra Neto e Célia Pinto Costa. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995.

DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia, volume 03. Tradução de Aurélio Guerra Neto, Ana Lúcia de Oliveira, Lúcia Cláudia Leão e Suely Rolnik. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1996.

DELPHY, Cristine. Patriarcado. In: HIRATA, H. et al (Org.). Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: Editora UNESP, 2009. (p. 173-178).

GATTI, Daniela. Processos criativos em dança por redes de saberes. Portal Abrace, 2011. Disponível em: http://www.portalabrace.org/vireuniao/processos/11.%20GATTI,%20Daniela..pdf. Acesso em 11 de jul. de 2018.

GATTI, Daniela. Corpo-texto/Texto-corpo: uma relação intertextual entre dança e texto. Portal Abrace, 2013. Disponível em: http://portalabrace.org/viireuniao/processos/GATTI_Daniela.pdf Acesso em 11 de jul. de 2018.

GATTI, Daniela. Sade na dança: um processo artístico em redes de saberes. 186f. UNICAMP, Campinas, SP: [s.n.], 2010

MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2006.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessário à educação do futuro. 2 ed. São Paulo: Cortez Editora, 2011.

PETRAGLIA, Izabel. Edgar Morin: a educação e a complexidade do ser e do saber. Petrópolis: Vozes, 2011.

PETRAGLIA, Izabel. Complexidade em tempos incertos. São Paulo: Editora Mandruvá, 2008. Disponível em http://www.hottopos.com/notand_lib_11/izabel.pdf. Acesso em: 11 de jul. de 2018.

PISCITELLI, Adriana. Gênero: a história de um conceito. In: ALMEIDA, H. B. & Szwako, J. E. (Org.). Diferenças, igualdade. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2009.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Grupo Editorial Letramento: Justificando, 2017. (Feminismos Plurais), Belo Horizonte – MG. [Um pouco de história – p. 19-31]

SAFFIOTI, Heleieth Iara Bongiovani. Gênero, patriarcado e violência. 2 ed. São Paulo: Expressão popular: fundação Perseu abramo, 2015. [Não há revolução sem teoria]

SANTOS, Boaventura de Souza. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. NOVOS ESTUDOS CEBRAP 79, novembro 2007, pp. 71-94

ZULIANI, Daniela Rolim M. M. Zuliani. Dramaturgia híbrida: o corpo que dança e o trabalho com as ações físicas a partir de experiências no Teatro Varasanta. Campinas-SP: [s.n.], 2015.

Publicado
2020-05-28
Seção
Cartografia de Pesquisas em Processo