Interatividade e faz-de-conta na formação de um público-jogador para o teatro: reflexões sobre a liberdade e os limites de uma criação conjunta

  • Ana Cristina Martins Dias

Resumo

Partindo da experiência adquirida em sete anos de realização de sessões regulares da atividade extensionista “Visita-Espetáculo ao Teatro Municipal de São João del-Rei”, analisada em Tese de Doutorado defendida em 2017, busco com esse trabalho refletir sobre os riscos e o potencial transformador que proposições cênicas e/ou performáticas alicerçadas na interatividade e na ação criativa do espectador proporcionam aos participantes, sejam eles espectadores ou atores/performers. Para tal, dialogo com autores que pesquisam e produzem espetáculos que só se completam com a ação do espectador. Trabalhando numa perspectiva de formação de público para o teatro, a atividade de visitação foi realizada prioritariamente com o público escolar entre 2010 e 2014. A metodologia utilizada durante esse período incluiu, como ferramenta fundamental no registro da recepção do público, a aplicação de questionários, cuja análise foi feita tanto em termos quantitativos como em termos qualitativos. De acordo com uma parte significativa dos depoimentos recolhidos, os cerca de vinte minutos em que havia grande interatividade entre atores e espectadores da Visita-Espetáculo constituiu o ponto alto da atividade. Baseada em texto aberto a improvisações, esse momento acolhia proposições do público e brincava com suas reações sempre que possível, mas sem perder um fio condutor, diferentemente de propostas que objetivam um menor controle da cena e priorizam a invenção e exploração do ambiente por parte do espectador.

Seção
Pedagogia das Artes Cênicas