Rito de passagem

Resumo

Esta apresentação performativa on-line surge como um rito-manifesto assentado nas memórias de brincante, na busca pela canalização da potência dançante desencadeada pelas memórias deixadas pelo encontro com a morte – seja no campo das brincadeiras populares seja nas biografias de seus brincantes – e na construção de um rito in memorian capaz de fazer (re) nascer o seu ciclo criativo nesse momento atravessado pela perda de mais de 542.260 vidas. Para isso o brincante costura em seu corpo elementos advindos das narrativas sobre a morte presentes em diversas brincadeiras populares com as quais teve contato, propondo então a construção provisória de um rito-brincadeira que lhe possibilite ressignificar elementos autobiográficos relacionados tanto ao encerramento de seus ciclos particulares quanto aos sentidos e sentires que o atravessam em decorrência das perdas causadas pela pandemia de COVID-19. Tomando mais especificamente a morte do Boi como metáfora poética para a sua construção o brincante divide seu rito-brincadeira em três momentos distintos: O lamento fúnebre, a sacralização da ausência e a celebração do (re) nascimento. Neste rito-brincadeira, no isolamento solitário de sua morada, o brincante joga com as diversas posições que assume, levando quem o acompanha em sua dança a questionar-se sobre os sentidos e significações possíveis diante dos símbolos que juntos mobilizam-se. Zé, o Boi e Catirina são as figuras convidadas a entrar na roda, para com ele e por ele dançarem o ciclo da vida-morte-vida presentes nesse rito-brincadeira e experimentado por todos aqueles que compartilham o solo comum da existência.

Referências

MACHADO, Lara Rodrigues; ANDRADE, Sara Maria de. (Org.). Danças no jogo da construção poética. 1ª. ed. Natal: Jovens Escribas, 2017, 188p.

OLIVEIRA, Eduardo. Filosofia da ancestralidade: corpo e mito na filosofia da educação brasileira. Coleção X (Organização: Rafael Haddock - Lobo), 1 ed. Rio de Janeiro: Ape’Ku, 2021.

RODRIGUES, Graziela. Bailarino, pesquisador, intérprete: processo de formação. 1. ed. Rio de Janeiro: Funarte, 1997.

SILVA, Sebastião de Sales. Saudades Z (é): metaforizando a construção do corpo brincante. 2017. 100f. Dissertação (Mestrado em Artes Cênicas) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017.

Publicado
2021-12-16
Seção
Grupo de Pesquisadores em Dança