A estética da domesticidade e a linguagem da câmera na web: experimentos sobre o espaço cênico em tempos de performance digital

Resumo

Ao longo do período de isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19, inúmeros experimentos de teatro via streaming ou de performances digitais parecem ter fundido a ideia de casa – como o lugar do íntimo, do habitat, do individual – à ideia de cenografia, conformando uma espacialidade de natureza ambígua e complexa, na qual a dramaturgia do real se mescla à ficção, na mesma medida em que o público se confunde com o privado. São práticas que adotam as câmeras e as telas como elementos estruturantes na experiência do espectador, lançando mão de técnicas de manipulação de imagens variadas que bebem da fonte da linguagem audiovisual clássica ligada às origens do cinema (edição, montagem, etc.), ao mesmo tempo em que propõem novas formas de operação e de articulação de imagens, adaptadas à estética da web (uso de telas múltiplas, etc.). A partir de uma pesquisa prática realizada com alunos de disciplinas sobre espaço cênico da Universidade Federal de Minas Gerais, esta pesquisa tem como objetivo levantar algumas reflexões sobre a adaptação e o deslocamento de determinadas práticas didático-pedagógicas ligadas ao campo da cenografia teatral para o campo da linguagem audiovisual no contexto da internet. Pretende-se compartilhar alguns breves exemplos de performances digitais realizadas pelos alunos, nas quais se buscou encontrar pontos de contato entre as diferentes espacialidades domésticas, para se levantar alguns questionamentos sobre a estética da domesticidade, a linguagem da performance na internet e a dramaturgia da câmera.

Biografia do Autor

Eduardo dos Santos Andrade, Universidade Federal de Minas Gerais
Arquiteto, cenógrafo. Professor Adjunto no Departamento de Artes Cênicas da Escola de Belas Artes da UFMG (BH). Mestre em Artes pela UFMG e Doutor em Artes Cênicas pela UNIRIO (RJ) com sanduíche na Universidade de Columbia (NY-EUA)

Referências

AUMONT, Jacques. As teorias dos cineastas. Campinas: Papirus, 2004.

MARTIN, Marcel. A linguagem cinematográfica. São Paulo: Brasilense, 2003.

DIRETÓRIO dos grupos de pesquisa no Brasil. Barracão: Núcleo de Pesquisa e Experimentação em Cenografia e outras práticas espaciais cênico-performáticas. 2014. Disponível em: <http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/8430353857049429>. Acesso em: 30 out. 2019.

PEDRON, Denise. A escrita de si e a criação da cena experência - Domingo. Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017.

Publicado
2021-12-16
Seção
Poéticas Espaciais, Visuais e Sonoras