Not about Nightingales, de Tennessee Williams: Inferno e sua assustadora atualidade

Resumo

Este trabalho analisa a dramaturgia da peça Not about Nightingales, de Tennessee Williams, escrita em 1938, e o espetáculo Inferno — Um interlúdio expressionista, da Cia. Triptal de São Paulo, com direção de André Garolli, adaptação brasileira em 2019. São levantadas as conjunturas sociológicas, estéticas e biográficas em que a peça original foi composta, assim revela uma preocupação proletária do dramaturgo ao figurar uma greve de fome de presidiários torturados por um diretor violento e inescrupuloso. A encenação é analisada sob a chave do expressionismo, em que são identificadas metáforas e aspectos de crítica sociopolítica e dos direitos humanos violados. Com isso, é possível identificar discussões acerca do direito à alimentação, à visita da família e amigos, de escrever e receber cartas, a ser chamado pelo nome, ao trabalho remunerado e às assistências médica, religiosa e judiciária. Além disso, há uma aproximação da peça com a realidade política e social do momento histórico do Brasil, pós-golpe de 2016, e as eleições de 2018. Essa análise leva à conclusão de que Inferno é um espetáculo sobre uma peça de 1938, adaptada à contemporaneidade, com ressonâncias épicas e expressionistas.

Biografia do Autor

Luis Marcio Arnaut de Toledo, Universidade de São Paulo
Doutor em Teoria e Prática do Teatro pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), autor de Tennessee Williams: Algo não dito, pela editora Giostri, e Nem loucas, nem reprimidas, pela editora Alameda. Consultor, tradutor, dramaturgista, arte-educador e ator.

Referências

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Publicado
2021-12-16
Seção
Dramaturgia, Tradição e Contemporaneidade