Conjunctio oppositorum e relações dialógicas em sala de aula: o ser vivente no mundo, o estar com o outro

  • Giovanna Lisboa Universidade de Brasília
  • Lidia Olinto Universidade de Brasília

Resumo

Navegar entre aquilo que é estruturado em ensaios (como partituras, linhas de ações, textos) e a verdade irremediável de imprevisibilidade do acontecimento teatral se apresenta como um grande desafio para intérpretes. Esta pesquisa parte do entendimento que o trabalho docente se enquadra na categoria de “performance” (SCHECHNER, 2003) ou de “teatralidade/espetacularidade” (BIÃO, 2009). Então a pessoa docente, quando está em sala de aula, precisa navegar entre as dimensões de estrutura (planejamentos de aula) e espontaneidade (aquilo que vem da troca com alunos no aqui e agora). Dito isto, o objetivo deste trabalho de conclusão de curso é articular como o entendimento do conceito de “conjunctio oppositorum”, usado por Grotowski (1987) para expressar o paradoxo estrutura-espontaneidade no fazer cênico, pode auxiliar na criação de espaços de ensino democráticos e dialógicos em consonância com as proposições de Ranciére (2020), Freire (1987) e bell hooks (2017) para o campo da docência.

Biografia do Autor

Giovanna Lisboa, Universidade de Brasília
Graduanda em licenciatura em Artes Cênicas na Universidade de Brasília.
Lidia Olinto, Universidade de Brasília

Mestrado e Doutorado em Artes da Cena pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Pós-Doutorado pela UnB. Atualmente é professora do Departamento de Artes Cênicas da UnB e da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes.

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Publicado
2021-12-20
Seção
Pesquisas de Graduação