Mulheres na criação de solos autobiográficos: experimentação, estudo e descoberta

  • Caroline Baptiston Calsone Universidade Estadual Paulista

Resumo

Na presente pesquisa, busca-se traçar uma possível gênese da prática da escrita autobiográfica, que remonta ao Renascimento, perpassa a ideia de "Bildung" dos século XVIII e XIX, para culminar na performance solo autobiográfica feminina, que torna-se um tipo de criação muito relevante a partir dos anos 1960, sob o slogan "O pessoal é político". Sua importância artística, social, política e seus desdobramentos na produção de conhecimento são investigados a partir de três eixos de análise: experimentação, estudo e descoberta. Experimentação, enquanto possibilidade de trabalho investigativo em primeira pessoa, espelhando o viés praticado pela arte autobiográfica. Estudo, via a reflexão sobre os temas ali tratados: autobiografia, arte da performance e epistemologias feministas; visto seu forte questionamento dos modelos de produção de conhecimento construídos a partir de estruturas que, de modo geral, privilegiam processos racionais, em detrimento dos enfoques com maior ênfase subjetiva. Descoberta, adotando como estratégia metodológica a escrita do diário pessoal; tanto repositório de explorações, quanto motivador para novas ações e fonte de transmissão, conforme se dá nos solos autobiográficos.

Biografia do Autor

Caroline Baptiston Calsone, Universidade Estadual Paulista
Caroline Baptiston Calsone, bacharela em Artes Cênicas orientada na presente Iniciação Científica (PROPe) por Profa. Dra. Lucia Romano pelo Instituto de Artes – UNESP, atriz, performer e dramaturga.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Profanações. São Paulo: Boitempo, 2007.

ALCÁZAR, Josefina. La performance autobiográfica - La intimidad como práctica escénica. Efímera Revista, Espanha, v. 6, nov. 2015. Disponível em: http://www.efimerarevista.es/efimerarevista/index.php/efimera/article/view/21. Acesso em: 10 dez. 2020.

BERNSTEIN, Ana. A performance solo e o sujeito autobiográfico. Sala Preta, Brasil, v. 1, p. 91-103. sep. 2001. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/salapreta/article/view/57010/60007. Acesso em: 10 dez. 2020.

CALSONE, Caroline Baptiston. Diário de processo. 2020. (material não publicado)

COESSENS, Kathleen. A arte da pesquisa em artes: traçando práxis e reflexão. Art Research Journal / Revista de Pesquisa em Arte, ABRACE, ANPAP E ANPPOM, em parceria com a UFRN, 2014. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/artresearchjournal/article/view/5423/4421. Acesso em: 10 dez. 2020.

CORNAGO, Óscar. Politicas de la palabra. Espanha: Editorial Fundamentos, 2005.

______________. Atuar de verdade: a confissão como estratégia cênica. Revista Urdimento, n. 13, set. 2009. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/urdimento/article/view/1414573102132009099/9433. Acesso em: 10 dez. 2020.

CORREIO DO POVO. Angélica Liddell: “A beleza é um ato de terrorismo contra a intolerância”. Jornal Correio do Povo online, 13/09/2017. Disponível em: https://www.correiodopovo.com.br/blogs/di%C3%A1logos/ang%C3%A9lica-liddell-a-beleza-%C3%A9-um-ato-de-terrorismo-contra-a-intoler%C3%A2ncia-1.313033. Acesso em: 10 dez. 2020.

FABIÃO, Eleonora. Performance e teatro: poéticas e políticas da cena contemporânea. In: Sala Preta, Revista de Artes Cênicas, nº 8, p. 235 a 246. São Paulo: Departamento de Artes Cênicas, ECA/USP, 2008. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/salapreta/article/view/57373/60355. Acesso em: 10 dez. 2020.

_____________. Programa performativo: o corpo-em-experiência. Revista do LUME, n. 4, dez 2013. Disponível em: https://www.cocen.unicamp.br/revistadigital/index.php/lume/article/view/276. Acesso em: 10 dez. 2020.

_____________. Corpo cênico, estado cênico. Revista Contrapontos - Eletrônica, vol. 10, n. 3, p. 321-326, 2010. Disponível em: https://siaiap32.univali.br/seer/index.php/rc/article/view/2256/1721. Acesso em: 10 dez. 2020.

FIGUEIREDO, Eurídice. Mulheres ao espelho: autobiografia, ficção, autoficção. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013.

FINLEY, Karen. “The Constant State of Desire”: In: ____. Shock treatment. San Francisco: City Light Books, 1990.

FISCHER-LICHTE, Erika. The transformative power of performance. London and New York: Routledge, 2008

GIL, Maria. A intimidade em performances autobiográficas. Cadernos PAR, v. 6, p. 104-123, Portugal, Out. 2015. Disponível em: https://iconline.ipleiria.pt/bitstream/10400.8/2404/1/8.%20Maria%20Gil.pdf. Acesso em: 10 dez. 2020.

HUGHES, Holly e ROMÁN, David. Solo Homo: the new queer performance. Nova Iorque: Grove Press, 1998.

JODOROWSKY, Alejandro. Psicomagia. São Paulo: Devir Livraria, 2009.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação - Episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

KRISTEVA, Julia. História da linguagem. Lisboa: Edições 70, 1970.

_________. No princípio era o amor: psicanálise e fé. Campinas, SP: Verus, 2010

LEITE, Janaina Fontes. Autoescrituras performativas: do diário à cena. São Paulo: Perspectiva: Fapesp, 2017.

_____. Pesquisadora em foco. Entrevista concedida por Janaína Leite a Daniele Avila Small, Luciana Eastwood Romagnolli e Sílvia Fernandes, 5 de março de 2020. Disponível em: https://mitsp.org/2020/entrevista-com-janaina-leite/. Acesso em: 10 dez. 2020.

LIDDELL, Angélica. Abraham y el sacrificio dramático. In: ____. Repensar la dramaturgia - Errancia y transformación. Madrid: Centro Párraga (CENDEAC), 2011.

LIPPARD, Lucy. No regrets: an art critic looks back on the hard-wom achievements of feminist art and the current state of its legacy. Art in America International Review. New York: p. 1-9, jun/jul, 2007. Disponível em: https://www.artnews.com/art-in-america/features/from-the-archives-no-regrets-63252/. Acesso em: 10 dez. 2020.

LORDE, Audre. Irmã outsider. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.

MULVEY, Laura. Visual Pleasure and narrative cinema. In: BAUDRY. Leo; COHEN, Marshall (Eds). Film theory and criticism: introductory readings. New York: Oxford UP, 1999. p. 833-844.

QUINLAN, Susan C. A Obscena Senhora de "Fever-103": Hilda Hilst lendo Sylvia Plath. Leitura: revista do Programa de Pós-Graduação em Letras, Número especial de Literatura, no. 18, Maceió, Federal de Alagoas, p. 175-186, 2o. semestre 1996. Disponível em: https://www.seer.ufal.br/index.php/revistaleitura/article/download/6833/5416. Acesso em: 15 dez. 2020.

ROLNIK, Suely. Pensamento, corpo e devir: uma perspectiva ético/estético/política no trabalho acadêmico. Cadernos da Subjetividade, Dossiê Linguagens, v.1, n. 2, p. 241-252, 1993. Disponível em: https://www.pucsp.br/nucleodesubjetividade/Textos/SUELY/pensamentocorpodevir.pdf. Acesso em: 15 dez. 2020.

SELIGMANN-SILVA, Márcio. O local da diferença: ensaios sobre memória, arte, literatura e tradução. São Paulo: Editora 34, 2018.

Publicado
2021-12-20
Seção
Pesquisas de Graduação