Dramaturgia nos corpos circenses: uma análise em processo

  • Julia Franca Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumo

Com o objetivo de refletir sobre um possível “estado corporal circense”, buscar-se-á compartilhar um pouco da investigação da tese de doutorado em processo. Sob a perspectiva do Sistema Laban/ Bartenieff e das abordagens fenomenológicas apontadas por Michel Bernard e Hubert Godard, pretende-se levantar algumas análises sobre o que seriam dramaturgias das corporeidades circenses, propostas no próprio movimento e nos modos de fazer e de praticar as inúmeras disciplinas que envolvem a linguagem do circo. Como se esticam as tensões espaciais, como se conciliam as extremidades, subvertem princípios e ordens aparentemente estabelecidas dos sentidos humanos e do espaço ao redor do corpo? Ao considerar também alguns apontamentos sobre o que viria a ser um corpo cosmopolítico, como apresentado por Isabelle Stengers, sob o fluxo de uma ambivalência originária trazida por Umberto Galimberti, pretende-se ainda refletir sobre como e porque esses estados corporais circenses podem vir a importar para a sociedade pandêmica e pós-pandêmica. Como revirar-nos? Como acreditar na subversão dos sentidos e das tensões entre corpo-espaço-objeto para encontrar fendas de outros pequenos mundos possíveis?

Biografia do Autor

Julia Franca, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Docente do Departamento de Artes Corporais da Escola de Educação Física e Desportos - DAC/EEFD da UFRJ.

Referências

BARTENIEFF, Irmgard. Body movement: coping with the enviroment. New York: Routledge, 2002. With Dori Lewis.

BERNARD. Michel. De la corporéitécomme “anticorps” ou de la subversion esthétique de la catégorietraditionnelle de “corps”. In: BERNARD, Michel. De la creatiónchoréographique. Patin: Centre national de la danse, 2001, p 17-24.

BRAGA, Paola Secchin (2019). Dramaturgia no corpo. Revista Poiésis, Niterói, v.19, n. 32, p. 121-134, jul/dez 2018.

GALIMBERTI, Umberto. Fenomenologia do corpo: a ingenuidade. In: GALIMBERTI, Umberto. Les Raisons du corps. Paris: Grasset-Molat, 1998.

GIL, José. Metamorfoses do Corpo. Lisboa: Relógio D’Água Ed., 1997.

GODARD, Hubert. Gesto e Percepção. In: PEREIRA, Roberto; SOTER, Silvia (orgs.). Lições de Dança 3. Rio de Janeiro: Ed. UniverCidade, 2002. p.11-35. Disponível em: https://docdanca.files.wordpress.com/2013/10/godard-hubert-gesto-e-percepc3a7c3a3o.pdf

GODARD, Hubert. Reading the body in dance:a model. in Rolflines, Rolf Institute of Structural Integration, Boulder (USA), outubro 1994.

GUEST, Ann Hutchinson. Labanotation: the system of analyzing and recording movement. Fourth Edition. New York: Routledge, 2011.

GUISGAND, Philippe. A propôs de la notion d’etat de corps. Palestra ministrada no Centre d’Etudedes Arts Contemporains. Universidade Lille 3: 2011.

HACKNEY, Peggy. Making connections: total body integration through Bartenieff Fundamentals. New York: Routledge, 2002.

FRANCA, Julia Coelho. O Corpo tetraédrico: um processo de criação labaniano entre dança e circo. Niterói, 2017. 213f. Dissertação (Mestrado em Estudos Contemporâneos das Artes). Instituto de Artes, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2017.

LABAN, Rudolf. Choreutics. Anotated and edited by Lisa Ullmann. Hampshire: Dance Books Ltd., 2011. First published in 1966.

LIMA, Tânia Stolze. Um peixe olhou para mim: o povo Yudjá e a perspectiva. São Paulo: Editora UNESP: ISA; Rio de Janeiro: NuTI, 2005.

MIRANDA, Regina. Corpo-espaço: aspectos de uma Geofilosofia do Corpo em Movimento. Rio de Janeiro: 7Letras, 2008.

MUNIZ, Marcelo. Sistema háptico, autorregulação e movimento. Repertório, Salvador, ano 21, n. 31, p. 87-104, 2018.2. Disponível em:

STENGERS, Isabelle. La propositioncosmopolitique in LOLIVE et al., L’émergencedescosmopolitiques. Paris : La Découverte, 2007, p. 45-68. [A proposição cosmopolítica, In: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 69, p. 442-464, abr. 2018. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/145663. Acesso em: 15 ago. 21.

VALENTIM, Marco Antonio. A sobrenatureza da catástrofe. In: Os mil nomes de gaia – do antropoceno à Idade da Terra, Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: https://osmilnomesdegaia.files.wordpress.com/2014/11/marco-antonio-valentim.pdf. Acesso em: 15 set. 2021.

Publicado
2021-12-16
Seção
Circo e Comicidade