Corpo religado: Tradicionalidades e Inventividades na dança cênica

Resumo

A pesquisa investiga o processo cênico-criativo construído com o Grupo de Dança da UFRN, incluindo suas práticas artísticas e estéticas, seus modos de pensar e fazer a dança a partir da concepção de corpo religado (ALVES, 2015) e, recursivamente, das reflexões advindas do próprio processo investigativo-vivencial. Corpo religado funciona como uma metáfora que dá nome à ligação entre o tradicional e o contemporâneo do corpo;  evidencia o ponto de tensão entre suas memórias e suas novas aprendizagens, entre as marcas de uma história já incorporada e as novas matrizes corporais a serem elaboradas. Essa religação que nasce do corpo, de sua corporeidade (MERLEAU-PONTY, 1999), das relações criadas e recriadas nos vários espaços-tempos vivenciais, abre uma perspectiva de compreensão/desconstrução da oposição entre saberes tradicionais presentes na dança tradicional e novos processos e princípios criativos presentes na dança contemporânea. Para tanto, o Grupo inspira-se na obra O turista aprendiz, do escritor modernista Mario de Andrade (2015) e em seu encontro com os diversos personagens e cenas da cultura popular brasileira, com os quais foi se deparando em suas viagens ao norte e nordeste brasileiro no início do século XX, especialmente com o Coquista potiguar Chico Antônio. Nesse processo de criação e de busca do entendimento sobre como os dançarinos-criadores podem mergulhar nessa viagem repleta de encontros com a diversidade cultural brasileira para construírem um novo trabalho em dança contemporânea, o Grupo tem se aproximado da compreensão de corpo religado e desse modo, vem vivenciando a dança contemporânea e elaborando o seu novo processo criativo a partir de um retorno a si próprio, a sua liberdade de expressão, ao encontro com sua história individual e coletiva e com traços da sua memória corporal.