Estrutura e operação: por uma cenografia operativa

  • João Carlos Machado Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Resumo

O artigo busca a aproximação do fazer da cenografia com as noções de estrutura, operação e operacionalidade estudadas pelo filósofo Gilbert Simondon. Propondo uma relação dialética entre operação e estrutura, ele considera que a operação é o complemento da estrutura e vice-versa. Entendemos por estrutura, além da cenografia, os objetos técnicos, estéticos ou cotidianos utilizados em situação de performance, incluindo aí o corpo do performer e estrutura espacial e técnica cênica, seja tradicional ou não. Voltados para o processo de criação que envolve a cenografia e os objetos cênicos, em nossa pesquisa, optamos pela produção de sentido a partir das operações realizadas com as estruturas, na qual o conceito de operatividade se impõe. A operatividade se faz presente quando o processo de criação se dá a partir destas operações, do fazer material e prático e dos equipamentos e recursos técnicos utilizados que se tornam parte essencial do sentido que o trabalho artístico tem para quem o elabora. Privilegiando a imaginação material, de acordo com Gaston Bachelard, a operatividade associa o aspecto processual do trabalho criativo através do aspecto factual dos materiais e procedimentos.

Biografia do Autor

João Carlos Machado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Artista plástico, performer e professor adjunto do Departamento de Arte Dramática da UFRGS. Bacharel em Pintura e em Desenho no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul onde também fez Mestrado e Doutorado em Poéticas Visuais.

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Publicado
2020-05-28
Seção
Poéticas Espaciais, Visuais e Sonoras