Estrutura e operação: por uma cenografia operativa
Resumo
O artigo busca a aproximação do fazer da cenografia com as noções de estrutura, operação e operacionalidade estudadas pelo filósofo Gilbert Simondon. Propondo uma relação dialética entre operação e estrutura, ele considera que a operação é o complemento da estrutura e vice-versa. Entendemos por estrutura, além da cenografia, os objetos técnicos, estéticos ou cotidianos utilizados em situação de performance, incluindo aí o corpo do performer e estrutura espacial e técnica cênica, seja tradicional ou não. Voltados para o processo de criação que envolve a cenografia e os objetos cênicos, em nossa pesquisa, optamos pela produção de sentido a partir das operações realizadas com as estruturas, na qual o conceito de operatividade se impõe. A operatividade se faz presente quando o processo de criação se dá a partir destas operações, do fazer material e prático e dos equipamentos e recursos técnicos utilizados que se tornam parte essencial do sentido que o trabalho artístico tem para quem o elabora. Privilegiando a imaginação material, de acordo com Gaston Bachelard, a operatividade associa o aspecto processual do trabalho criativo através do aspecto factual dos materiais e procedimentos.
Referências
BACHELARD, Gaston. A água e os sonhos: ensaio sobre a imaginação da matéria. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
CARLSON, Marvin. Teorias do teatro. São Paulo: UNESP, 1997.
DOMINGUES, Ivan. Simondon, a cibernética e a mecanologia. Scientiæ zudia, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 283-306, 2015. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ss/v13n2/1678-3166-ss-13-02-00283.pdf. Acesso em: 20 dez. 2019.
DUBATTI, Jorge. O teatro dos mortos: introdução a uma filosofia do teatro. São Paulo: Edições SESC São Paulo, 2016.
FÉRAL, Josette. Além dos limites: teoria e prática do teatro. São Paulo: Perspectiva, 2015.
KRAUSS, Rosalind. Caminhos da escultura moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
MACHADO, João Carlos. Algumas relações entre a arte concreta e o vídeo: o ato projetivo como dispositivo semântico na cena. Revista Arte da Cena, v.4, n.2, jul-dez/2018. Disponível em:
https://www.revistas.ufg.br/artce/article/view/54637/32653. Acesso em:
dez. 2019.
PASSERON, René. Da estética à poiética. Revista Porto-Arte, Porto Alegre, v.8, n.15, nov., 1997.
SIMONDON. Gilbert. EI modo de existencia de los objetos técnicos. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2007.
SIMONDON. Gilbert. L’individu et sa genèse physico-biologique. Grenoble: Éditions Jérôme Millon, 1995.
VALÉRY, Paul. Variedades. São Paulo: Iluminuras, 2007.