Do quase arrependimento de se aprisionar em palavras o complexo processo de criação de uma performance: “penitencia(ria)”

  • Alba Pedreira Vieira Universidade Federal de Viçosa
  • Cláudio José Magalhães Universidade Federal de Viçosa

Resumo

A violência esmaga possibilidades de sonhos e esperanças perpetradas por ideais de desenvolvimento social, amparados pelo universo tecnológico e religioso. Com essa “rotunda”, por meio da prática como pesquisa, discutimos complexidades dos processos de criação da performance “Penitencia(ria)” que revela no seu título, ideias dicotômicas predominantes em certas culturas e ideologias. Polos opostos e contraditórios de duas palavras similares na aparência, distanciadas em significados. Em “Penitencia(ria)” associamos nas nossas ações estes significados, via possibilidades inerentes ao fazer ético-estético. Relacionamos fazer poético, nominoso, com o enfrentamento ao mundo caótico atravessado por diferentes formas e forças violentas e ameaçadoras que se revelam em variadas expressões, ocasionando superlotações de penitenciárias. Mas seriam as prisões psíquicas que revelariam o ser humano perdido no seu mundo interior e exterior? A violência (social, de consumo, psicológica, de gênero, etária, religiosa e de raça) é uma das forças que esgotam a capacidade de compreensão do processo civilizatório, bem como recursos naturais, revelando caminhos tortuosos que nosso sistema desenhou no cerne da vida e da existência humanas. “Penitencia(ria)” é sobre a violência que assume uma materialidade tangente na sociedade. A performance poderia significar nossa vontade de tratar da violência psicológica, imaterial e que é, talvez, mais bem apreensível pelo fazer ético-estético. Esse tipo de violência então, encontraria espaço na Arte para se revelar e se materializar iluminando caminhos, posturas, atitudes e palavras que insistem em transitar pelos breus.

Biografia do Autor

Alba Pedreira Vieira, Universidade Federal de Viçosa

Professora e pesquisadora da Universidade Federal de Viçosa. Ph.D. em Dança pela Temple University, e fez pós-doutorado no Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas na Universidade Federal da Bahia. Membro do conselho consultivo da Associação Dance and the Child International.

Cláudio José Magalhães, Universidade Federal de Viçosa
Professor Adjunto III.

Referências

BERGER, J. Ways of seeing. In: JONES, Amelia (ed.). Feminism and visual culture reader. Londres: Routledge, 2003.

CERQUEIRA, F. V. Music and the fantastic in Ancient Greece: the imaginary, between myth and philosophy. Per Musi, no. 36 (August), 2017.

NELSON, R. (ed.). Practice as research in the arts. Principles, protocols, pedagogies, resitances. Nova York, Estados Unidos: Palgrave Macmillan, 2013.

SMEE, S. A arte da rivalidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.

Publicado
2020-05-28
Seção
Processos de Criação e Expressão Cênicas