Sobre Loïe Fuller, danças serpentinas e direitos humanos: análises e práticas

  • Gabriel Fernandez Tolgyesi Universidade Estadual de Campinas

Resumo

A seguinte apresentação oral se propõe a compartilhar relações entre a coreógrafa norte-americana Loïe Fuller (1862-1928) em suas danças serpentinas, aos direitos humanos propostos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). A pesquisa sobre a coreógrafa norte-americana e suas danças serpentinas, cujo reconhecimento internacional se deu em Paris (FRA) em 1892, encontra-se em desenvolvimento a partir de análises históricas de sua passagem pelo Brasil, por meio de notícias disponibilizadas na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, e de práticas de dança em sala de ensaio, de modo a reconstruir e reimaginar danças serpentinas. Apesar de Fuller e a Declaração dos Diretos Humanos pertencerem a contextos e épocas distintas, é possível traçar relações em: (1) na expressividade cênica das danças serpentinas, que mobilizavam diferentes camadas sociais a irem ao teatro, e as faziam compartilhar a responsabilidade de atribuição de sentidos e significados junto dos espectadores, (2) na vida e história da coreógrafa, que além de influenciar a história da dança e das artes plásticas, possibilitou um tipo de abertura a representatividade enquanto mulher e lésbica. As danças serpentinas de Loïe Fuller foram criadas pela mesma a partir de uma adaptação de uma saia rodada de seda transformada em túnica, conduzida internamente por pedaços de bambu que funcionavam como prolongamento dos braços da coreógrafa. Os movimentos dos tecidos ganhavam significado e sentido porque, além dos títulos dos trabalhos que pré-conduziam o olhar do público, Fuller coreografava uma complexa rede de iluminação e técnicos. Para essa iluminação elétrica especial, Fuller chegou a desenvolver filtros coloridos em seus equipamentos. Nas danças serpentinas tinha-se uma figura de mulher que não apenas dançava para o prazer de seus espectadores, mas para o prazer de si, dado observado nas litografias de Jules Cheret (1836-1932). Além disso, Fuller dirigiu e produziu uma trupe de teatro de variedades que levava seu nome, teve um teatro sob sua tutela (e também com seu nome) na Exposição Universal de Paris de 1900, fora aclamada por artistas e personalidades de diferentes áreas de conhecimento, entre outras histórias e análises vistas em Albright (2007) e em Lista (1994) - bibliografia esta que serve de base às relações junto da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).

Biografia do Autor

Gabriel Fernandez Tolgyesi, Universidade Estadual de Campinas
Mestrando em Artes pelo Programa de Pós-graduação em Artes da Cenada Cena da Universidade Estadual de Campinas.

Referências

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Publicado
2020-05-28
Seção
Grupo de Pesquisadores em Dança