O protagonismo das mulheres no campo labaniano

  • Ligia Losada Tourinho Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumo

Este texto tem como objetivo dar visibilidade e notoriedade às mulheres colaboradoras e/ou responsáveis pela organização, difusão e continuidade das pesquisas e obra de Rudolf Laban durante seu desenvolvimento e através dos tempos. Rudolf Laban, um dos mais importantes nomes da dança e dos estudos sobre o movimento do século XX, é um artista de relevância indiscutível para as Artes. Sua principal biografia foi escrita por Valerie Preston Dunlop. Como define Karen Bradley (2009), Laban foi um idealista, um gênio, um homem sedutor e de muitas mulheres, um brincalhão, um provocador, às vezes um pouco naive... Um homem sem planos, mas com um propósito: Uma vida para dança, como escrito em sua lápide, no Weybridge Cemetery, no Reino Unido. A vida para ele era uma longa improvisação. Produziu muitas obras coreográficas, dirigiu grupos de teatro e de ópera, organizou festivais e congressos, deu muitas aulas e produziu investigações artísticas e textos. Defensor do movimento como linguagem, sempre iniciava suas pesquisas em parceria e deixava que parte de suas ideias fossem desenvolvidas por essas pessoas, em sua grande maioria, mulheres. Laban não se definia como dono de sua propriedade intelectual, as ideias passavam por ele e as grandes escolas labanianas existentes hoje no mundo, não foram estruturadas por ele, mas por artistas, na maioria mulheres, que com ele se encontraram e adotaram sua abordagem de criação e pesquisa em arte como eixo para suas pesquisas pessoais. Ao analisarmos sua biografia, identificamos gerações de mulheres que contribuíram com sua obra e/ou que vêm difundindo e expandindo os estudos Labanianos. Numa primeira fase de seu legado destacamos a presença de Laura Oesterreich, Maya Lederer, Suzanne Perrottet, Betty Baaron Samao e Mary Wigman, com quem partilhou estudos sobre o movimento espontâneo, os impulsos de improvisação, a teoria musical e nas estruturas básicas do design. O resultado foram os “Movement Choirs” ou “Dança Coral” e indagações sobre a possibilidade da Dança existir sem a música. No final de sua vida, a bailarina Lisa Ullmann organizou seus escritos e foi sua parceira na fundação de uma escola. Não poderíamos deixar de destacar a obra de Irmgard Bartenieff e, no Brasil, a de Maria Duschenes e Regina Miranda. Os resultados deste artigo tomam como base as obras de Preston-Dunlop (1998), Bradley (2009) e Moore (2014) e as pesquisas cartográficas sobre a expansão do campo labaniano no Brasil de Melina Scialom (2017) e Ana Bevilacqua (difundida em comunicação oral em congressos da área).

Biografia do Autor

Ligia Losada Tourinho, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Professora no Departamento de Arte Corporal da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Referências

BRADLEY, K. Rudolf Laban. London and New York: Routledge, 2009.

LABAN, R. Una vida para la danza. México: Ríos y raíces, 2001

LABAN, R. Dança educativa moderna. São Paulo: Ícone Editora LTDA, 1990.

LABAN, R. Choreutics. London: MacDonald and Evans, 1966.

LABAN, R. A life for dance: reminiscences. London: MacDonald and Evans, 1975.

LABAN, R. A vision of dynamic space. London and Philadelphia: The Falmer Press, 1984.

LABAN, R. O domínio do movimento. São Paulo: Summus Editorial, 1978.

MIRANDA, R. Corpo-espaço: aspectos de uma geofilosofia do movimento. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2008.

MOORE, C. Meaning in motion: introducing laban movement analysis. Colorado: MoveScape Center, 2014.

PRESTON-DUNLOP, Valerie. Rudolf Laban: an extraordinary life. 2. ed. Hampshire: Dance Books, 2008.

SCIALOM, Melina. Laban plural: arte do movimento, pesquisa e genealogia da práxis de Rudolf Von Laban no Brasil. São Paulo: Summus, 2017.

Publicado
2020-05-28
Seção
Mulheres da Cena